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Mensagem: A riqueza substituída Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´ Meu interesse por Grão Mogol nasceu principalmente da descrição que da cidade fez o historiador Haroldo Lívio. Disse ele que, incrustada no regaço da Cordilheira do Espinhaço, Grão-Mogol é pedra, é cristal, é ouro, é diamante. A igreja paroquial, construída em pedra e sobre pedra, os muros de pedra, as ladeiras cansadas, tudo é feito deste jeito e com esse material. Chega-se lá por caminhos rochosos, de águas cantantes e ar puro da montanha. A beleza da cidade e da região fascinou o empresário e líder classista Lúcio Bemquerer, cidadão de grande sensibilidade. Decidiu construir ali um presépio, seguindo o exemplo de São Francisco de Assis. O maior do mundo, foi concluído, está aberto ao público e pode ser visitado. Espera-se que o Papa vá lá para ver o presépio, primeira cidadela da civilização mineira. O tempo passou. Segundo o cronista-biógrafo da cidade, 1781 marcou o aparecimento dos primeiros diamantes na Serra de Santo Antônio de Itacambiruçu. Embora Henri Gorceix considerasse essa pedra a mais preciosa das inutilidades, ela se tornou na região até moeda corrente para troca de outros bens. O diamante foi principal fator de grandeza de Grão-Mogol, ou Pedra Rica, como foi apelidada, chegando seu prestígio bem longe. Mineralogistas celebrados como d’Eschwege, Orville Derby, Helmreichen, Heusser e tantos outros foram conhecer o lugar. Mas diamante rareou, os garimpeiros juntaram suas trouxas e sumiram. Esperava-se que ressurgisse com novas descobertas. Os vaticínios falharam. Empresas pesquisando a região chegaram à conclusão de que ali havia quantidades fabulosas de minério de ferro, não a hematita compacta de outras regiões. Investimentos de cerca de R$ 3,6 bilhões se farão em Grão-Mogol para produção de 25 milhões de toneladas desse minério, a ser transportado até o Porto Sul, em Ilhéus. Para isso, vai-se construir um mineroduto de 400 quilômetros, além de obras de alto custo e atendimento dos pequenos agricultores. A riqueza está na terra ou sob ela, mas existe. Não mais os diamantes, mas o ferro, um dos sustentáculos da economia mundial. Grão-Mogol será famosa outra vez, movida por outras forças. Não terá, talvez, a pompa e a grandeza de outras épocas, mas está destinada a dias fartos de prosperidade.
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