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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 6 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A miséria como causa; a violência como efeito José Prates Quem como nós, viveu em Montes Claros, no Norte de Minas, do final da década de quarenta até o final da década de cinqüenta, espanta-se com a transformação que sofreu a cidade nestes últimos quarenta anos. A então “Princesinha do Norte de Minas” cresceu, tornou-se adulta, enveredou-se para o modernismo e perdeu a inocência. O progresso veio devagar com a inclusão da região na SUDENE, passando a receber incentivos fiscais como região da seca, vindo, então, a instalação da CEMIG, criada no governo estadual de Juscelino, trazendo a industrialização que substituiu na importância, a agropecuária, então, a maior do Estado, que fazia embarcar, quase todo dia, vagões lotados de reses vivas para abastecerem os frigoríficos do Rio e São Paulo, o que lhe dava a condição de região pecuarista. Já era uma cidade grande, com influência na região e, até, ditava regras, mas, não tinha o peso que hoje tem, depois da industrialização. A população em 1950, segundo o recenseamento daquela década, não passava de 72 mil habitantes em todo o município, elevando-se para 340 mil em 2005, em conseqüência da implantação do pólo industrial que atraiu muita gente. Naquele tempo que se pode chamar de tempo dourado com o progresso avançando célere, não havia a violência urbana que hoje amedronta todo mundo. Assaltos a mão armada a bancos ou pessoas, ninguém nuca tinha ouvido falar por ali. A questão não era que a cidade fosse menor em extensão e população. É que a mentalidade e os costumes eram outros, numa cidade onde todo mundo conhecia todo mundo e se tratava como amigo. Pra dizer a verdade, policiamento, praticamente não havia. Policiais à disposição do habitante, eram três: o Cel Coelho, Delegado Especial, Altininho, o Investigador e José Idálio soldado da Polícia Militar, à disposição da Delegacia. As ocorrências geralmente eram brigas de famílias, de pouca importância. O progresso foi chegando, mais gente foi-se abalando de outros lugares, vindo para cá e a cidade foi enchendo, criando novos bairros com seus habitantes vivendo, quase a maioria, em dificuldades porque imaginaram uma coisa e era outra. O que acontece, então, nesses casos? O sofrimento pela desilusão e a fome que a tudo acompanha, traz o desespero que leva aos caminhos do desajustamento da família com graves reflexos nos filhos que se vão formando inadequadamente ao encararem a vida por outro anglo. A violência, então, se apresenta como revide ao que consideram agressão. Muita gente tem na violência urbana um sintoma da falta de policiamento que tornou pequena a segurança do cidadão, exposto à ação dos que têm na violência a maneira de viver. Entretanto, em sã consciência, não podemos dizer que existe falta de policiais nas ruas porque esta não é a única causa da violência urbana, em nenhum lugar do mundo. Nos grandes centros onde o policiamento abrange praticamente, toda área urbana, a violência, também, está presente, banalizando a vida humana. Todo mundo sabe que o desrespeito à vida alheia, ceifada, ás vezes, sem qualquer motivo por indivíduos afeitos ao crime, é uma questão de formação do individuo que não foi preparado para a vida em sociedade. Originado de um lar desajustado, desajustada, também, foi sua formação. A culpa é dele, é da família que se desajustou? Não. A culpa é nossa, da própria sociedade e, também, do Governo que nunca está presentes nesses casos, dando assistência a esses pobres analfabetos, desvalidos, permitindo com o desamparo, nascer o preconceito de inferioridade que lhe faz revoltar contra tudo e contra todos. É por isso que hoje, a notícia de um assassinato não choca mais ninguém. Infelizmente, tornou-se comum nesse mundo de frustração e revolta onde o pobre desvalido sente-se agredido pela sociedade e, na violência, busca a revide. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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