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Mensagem: São memoráveis estas novas páginas de Flávio Pinto, já consagrado por outras publicações – em jornal e livro. Ungido desde os tempos d “O Jornal de Montes Claros”, ainda na década de 60, rapazola. As crônicas aqui ajuntadas eu as li em primeira mão, quando as recebi para publicar no nascente montesclaros.com, já agora com 12 anos. Tive o privilégio de lê-las em primeiro lugar – a primazia. Quando Flávio decidiu colocá-las em fila, no livro, com o amorável título, mandou-me o rascunho. Chegou-me em hora do almoço. Entre a refeição e a leitura, a emoção fez digitar no Ipad, com um só dedo, o bilhete que confessava a sedução em flagrante: “Com um olho no prato e o outro no livro, acabo de percorrê-lo. O tempo está nublado em M. Claros, o que contrasta com a luminosa evocação que você faz dos nossos dias – eternas tardes ensolaradas que jamais se dissiparão. Chamadas para o livro, estas suas, nossas recordações, crescem muito mais. Corra a publicá-las. Esperaremos pressurosos. Iluminarão outras tardes, clarearão outras vidas. Sugiro a colocação das datas, para ancorar os fatos num tempo que realmente existiu – pois muitos duvidarão de que fomos tão felizes, e de que houve tempo assim, tão (ainda) perto de nós” Nas evocações neste livro contidas, digo-o já, há um terno e singular lirismo, sem transbordamentos.Quando por exemplo o autor diz: “-... os poetas, sempre voltarão. Principalmente os que falam com as estrelas. Um dia o povo ainda haverá de ouvi-los. E se manifestará, nesta terra de eterna Inconfidência. Que não seja nunca. E nem tarde”. Ou, quando, mais à frente, deixa escapulir: “O sargento vigiando os atiradores. As freiras de olho nas moças. O tocador, no olhar de certa. Que atravessou toda a avenida e se perdeu No tempo”. Para, adiante, perguntar: “E o Mural? E responder, ele mesmo, autor: “É o Cooper da atividade intelectual do montesclarense. Quantos poetas, quantos escritores, quantas idéias estariam hoje dentro do vazio de uma gaveta, junto a mofo e seculares poeiras, se não fosse este mágico Mural para retirá-los do buraco negro onde estavam e trazê-los para cá, cada um dando o recado de seu jeito, seja mais culto ou menos sabido e fazendo-nos ver e crer que existe realmente vida e coração alegres batendo à nossa volta” Foi o que constatou em vésperas de Natal, o de 2006. Não sem antes, ou depois, deixar vazar o gemido, quando tombaram, tocaiaram sordidamente o prédio do antigo Seminário Diocesano, que foi sede do Ginásio Municipal e da Prefeitura, trespassado junto com a nossa avenida: “Ai vi a foto publicada nos jornais, do velho ginásio. Destelhado, as telhas na calçada e a chuva molhando tudo. Como lágrimas. Que tristeza”. Por tudo que vai neste novo livro, creio que não será muito pedir, por todos, que Flávio Pinto prossiga. Prossiga como cronista da nossa cidade. Pedir que lamba, sempre mais, a cria que é capaz de extrair do seu coração, dos refolhos, das dobras e das redobras, para ensolarar as muitas tardes de uma quase miragem que não se perdeu, nem se perderá. E que todos chamamos, e amamos, como os montes claros. Assim, seja.
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