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Mensagem: “Nanicos” roubam a cena Waldyr Senna Batista A entrada de Humberto Souto na campanha, no lugar de Athos Avelino, processou-se como se não alterasse, substancialmente, o potencial eleitoral da chapa. A mudança não mereceu destaque maior, ao ser anunciada em entrevista coletiva e entrando no programa de televisão como se fosse mero remanejamento. No entanto, trata-se de operação de alto risco, a vinte dias da eleição e faltando não mais do que cinco programas de propaganda no rádio e na televisão, além de alguns debates para plateias diminutas. Com perdão do exemplo grosseiro, foi como trocar pneu avariado com o carro em movimento. Só as urnas conseguirão dizer se deu certo. Tratou-se de emergência, cuja adoção talvez tenha demorado mais do que o recomendável, já que o histórico de inelegibilidade de Athos Avelino acumulou sucessivas derrotas em todos os níveis do poder judiciário. Dificilmente ele colheria resultado favorável no derradeiro estágio, apesar de empunhar pareceres de renomados juristas. Mas pareceres são pareceres, nada mais do que pareceres. Feita a substituição, muda também a forma de fazer a campanha, já que o ex-deputado, com mais de quarenta anos de estrada, está tendo sua primeira eleição majoritária. O contato agora se faz no corpo a corpo, nas ruas e nas praças, e não mais junto a lideranças que dominam grandes contingentes eleitorais. Ele assumiu anunciando que dará ênfase especial ao combate à corrupção e defendendo a aplicação correta de recursos públicos, que diz saber onde encontrar, graças à sua ampla experiência nos principais gabinetes de Brasília. Como respaldo, destaca sua carreira política, que inclui o exercício de funções importantes, sem que tenha tido de responder a qualquer tipo de processo. Em tempos de mensalão, em que o STF (Supremo Tribunal Federal) está condenando e pode mandar para a cadeia a maioria dos envolvidos no grande escândalo do governo Lula, é de se imaginar que o eleitor estará sensível a esse tipo de discurso. Outra não terá sido a razão pela qual, no debate da última quinta-feira, entre os candidatos à Prefeitura, o grande destaque tenha sido o lance em que Humberto Souto, reagindo a provocação de Ruy Muniz, relembrou o golpe por este aplicado no Banco do Brasil, há mais de 30 anos, pelo qual foi preso, julgado e cumpriu pena. O episódio vinha sendo deixado à margem em todas as campanhas, mas, na atual, o candidato Filipe Gusmão, do PSTU, quebrou o tabu ao exibir uma chave de cofre com a sutil indagação ao eleitor sobre se ele confiaria a chave da cidade a quem não teve o necessário zelo na utilização daquele instrumento. Aliás, os partidos nanicos, que não têm a mínima possibilidade de eleger seus candidatos, vêm roubando a cena com lances inusitados, a exemplo do histriônico Paulo Cason, candidato a vice na chapa do PSol de Mineirinho (Valdeir Fernandes da Silva), que usa bordões como “coronel não, mamãe ” e produz estragos nas hostes adversárias. Nem o “estrangeiro” Paulo Guedes, do PT, escapa, quando é reconhecido como ‘’um bom prefeito, mas em Manga”... Assim, com tiradas de humor cortante, a campanha caminha para a reta final, com a certeza, óbvia, de que haverá segundo turno, e quatro candidatos com chances relativas para ocupar as duas vagas. Jairo Ataíde, que era tido como favorito, perdeu essa condição coincidentemente a partir do anúncio de que tem o apoio de Anastasia e Aécio. Humberto Souto parece ter assumido por inteiro o acervo de Athos Avelino, mas vai precisar de muito trabalho para mantê-lo intacto. Ruy Muniz joga todas as suas fichas no eleitorado jovem, que é uma incógnita, mas tem como contrapeso a proximidade com o prefeito Luiz Tadeu Leite, cujo desgaste pode contaminar a quem ousar anunciá-lo como aliado. E Paulo Guedes, que pulou de paraquedas, está empenhado no apoio de Lula e de Dilma na esperança de que a votação deles na cidade lhe será transferida automaticamente. (Waldyr Senna é o decano da imprensa de Montes Claros. É também o mais antigo e categorizado analista de política. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)
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