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Mensagem: As eleições do passado José Prates As eleições municipais estão batendo às portas e queiram ou não, a gente acaba participando do movimento, mesmo sem nenhuma ação pessoal, mas, nele se integrando através das notícias que diariamente nos chegam, como é o caso das crônicas de Waldyr Sena, publicadas neste Mural que são uma fonte excelente de informações que nos coloca dentro do ambiente político e nos faz reviver pela lembrança, as eleições que pessoalmente, vivemos nessa Montes Claros política. A última em que participamos ativamente foi a de 1954, quando foi eleito Prefeito o dr. Alfeu Quadros apoiado por Deba e Neco de Santa Maria com seus “mandiocais”, representando o antigo PSD e do outro lado representando o PR aliado à UDN, estava o Coronel Lupinho que havia eleito o Dr. José Esteves Rodrigues, Deputado Federal, enquanto Deba e Neco com todo seu mandiocal, só conseguiram eleger o Dr. Antonio Pimenta, Deputado Estadual. O Dr. Plinio Ribeiro tentaria pela terceira vez, eleger-se Deputado Federal, sonho que acalentava a tempos. Naquele tempo as eleições eram muito diferentes do que são hoje porque não havia a internet entrando nas casas com a imagem e a voz dos candidatos fazendo as suas promessas. O que havia era o corpo a corpo com aperto de mão, abraço e a conversa ao pé do ouvido do eleitor desinteressado. O pessoal da roça, chamado eleitor de cabresto porque votava em quem o fazendeiro mandasse, ficava por conta dos cabos eleitorais comandados pelos chefes políticos donos dos “mandiocais”. No dia das votações, vinha toda aquela gente amontoada na carroceria de caminhões, direto para os “currais eleitorais” preparados pelos chefes, onde havia espaços para descanso da vigem ás vezes longa e um lugar onde era servida a comida em gamelas cheias, trazidas pelos cabos eleitorais. Só era permitida a saída do “curral” para irem à seção depositar o voto na urna, o que faziam acompanhados e vigiados. As cédulas, uma com o nome do Prefeito e vice e outra com o nome do vereador, eram entregues ao eleitor à entrada da seção, para garantia do voto. Não era novidade votar mais de uma vez. Era comum. Usavam o título de pessoa morta que não deu baixa. Eram dezenas, talvez centenas desses títulos que sem fotografia facilitava o uso por qualquer um. Depois, veio o titulo com fotografia que dificultou a fraude. Não havia fiscalização, embora houvesse fiscais, porque não interessava fiscalizar. O que os fiscais faziam era dificultar a ação do outro partido no uso de títulos de defunto, não permitindo, também, que menores usassem esses títulos o que era muito comum e às vezes, passava despercebido porque os menores usados para isso, eram fisicamente bem desenvolvidos e davam a impressão de maioridade. Como ninguém se identificava a ninguém, passava tranqüilo. Em muitos lugares do sertão, como os distritos, pequenos núcleos eleitorais, as eleições gerais eram verdadeiras farsas. Nesses lugares prevalecia o interesse dos Coronéis que dominavam a política local e, quase sempre, funcionava o sistema chamado “bico de pena” que foi muito comum nas eleições da década de 30, em vários lugares do interior do país, onde o interesse dos coronéis prevalecia. As atas das juntas apuradoras – lavradas freqüentemente pelas próprias mesas receptoras – eram feitas para mostrar determinados resultados, nem sempre concordes com a contagem dos votos depositados naquela seção. Era um procedimento tranqüilo porque não havia contestação. Ali estava expressa a vontade do “Coronel” e ninguém ousava contestar. A eleição pro forma cumpria a Constituição e... Pronto. Estava tudo certo. Em 3 de maio de 1933 foram eleitos os deputados para a Assembléia Nacional Constituinte. Após a votação final da nova constituição que aconteceu em 1934, procedeu-se a uma eleição indireta para Presidente da Republica, tendo os Deputados, 70 por cento, eleito Getulio Vargas, reconduzido, então, à Presidência da República. A Contituição Federal de 1934 previa uma nova eleição presidêncial em 1938, no entanto ela não chegou a ser realizada, em virtude do golpe de 10 de novembro de 1937, que implantou o Estado Novo, como ficou conhecida essa fase autoritária do governo de Getúlio Vargas que durou até 29 outubro 1945, com a deposição do presidente. Em dezembro deste ano procedeu-se a nova eleição, nos mesmos moldes do passado, com uma única diferença que foi a mulher participando como eleitora. Foi eleito o candidato getuliano, General Eurico Gaspar Dutra, lançado pelo PSD com apio do PTB tendo alcançado 3.251.507 votos contra 2.039.342 dados a Eduardo Gomes lançado pela UDN. Getulio Vargas candidatou-se e foi eleito nas eleições de 1950. Não terminou o governo, suicidando-se em 1954 ante a pressão dos militares para sua renuncia. Dai para a frente, as eleições mudaram pouco até que chegou a votação eletronica dando fim às marmeladas, mas, continuando os conchavos politicos que, até hoje, existem como coisa normal na politica partidária. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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