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Mensagem: As contas da saudade Manoel Hygino - Jornal Hoje em Dia Plantada e implantada no sertão mineiro, tão bem descrita em lugares e personagens pelo cordisburguense Guimarães Rosa, Montes Claros é, de longo tempo, a maior e mais dinâmica cidade da região, dentro de um pedaço de Minas Gerais que já quis até desligar-se de Minas Gerais. Compreendia-se e se compreende. Com sua dimensão geográfica e econômica, política e cultural, o burgo que gerou grandes nomes em várias áreas do saber e do fazer parecia esquecido dos poderes públicos. Só se lembrava de lá nos momentos de tragédia, dos nordestinos que desciam em direção ao hoje Sudeste, enfrentando toda espécie de dor e doença e a fome para fugir às extensas secas, pagando por pecados que não cometiam. A cidade é obra de muito esforço, de muita dedicação, de muito sacrifício, mas é. Existe e se explica naturalmente. Trata-se de uma das únicas do interior brasileiro com dois representantes na Academia Brasileira de Letras – Darcy Ribeiro e Cyro dos Anjos, embora mais notáveis pudessem lá ter chegado e outros tenham engrandecido os quadros da Academia Mineira, como João Vale Maurício .Outros marcaram sua existência na imprensa, não se esquecendo Hermenegildo Chaves, uma das mais altas expressões do jornalismo mineiro, também poeta, como o foi João Chaves, perenizado em música por composições de singular beleza. Numerosos atuaram e atuam nas letras, na música, no jornalismo, no rádio, no cinema, no teatro. A beleza passou por Montes Claros, ficou e inspirou. O livro “montesclaros.com.Amor”, de Flávio Pinto, é um relicário de inesquecíveis lembranças da cidade em que nasceu, passou infância e adolescência e se iniciou em atividades que o nortearam na vida. Suponho que mais se tenha realizado na imprensa, em “O Jornal de Montes Claros”, símbolo de veículo sintonizado com as mais caras reivindicações e anseios da cidade e de seu povo. Sob comando de Oswaldo Antunes, ex-integrante dos quadros de “O Diário de Belo Horizonte”, a publicação montes-clarense se caracterizou por independência e não por submissão, o que em qualquer canto do mundo pode ser mortal. E foi. Flávio Pinto foi um dos jovens repórteres do jornal do querido, saudoso e respeitável Oswaldo Antunes, nos anos 60. E Oswaldo deixou discípulos e seguidores cuja missão se preserva com grandeza e dignidade, tendo como exemplo o montesclaros.com, de Paulo Narciso, que integra o título do novo livro de Flávio Pinto. Seu conteúdo é como contas de saudade de um velho rosário, que merece ser rezado.
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