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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 5 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Ainda o centenário de Edgar Pereira Haroldo Lívio O centenário do ex-deputado Edgar Pereira segue bem comemorado, tornando mais conhecida a sua biografia de político e empresário, e corrigindo dados incorretos sobre sua pessoa. Lamento não tê-lo conhecido pessoalmente, acredite, embora se tratasse de cidadão de alta popularidade. Poderíamos ter sido até amigos, se as descoincidências do destino não nos mantivesse separados, apesar de estarmos muito próximos. Sabe-se que a vida é feita de encontros e desencontros. No nosso caso faltou o encontro, porque era mínima a distância que nos separava. Para começar, éramos conterrâneos, brasilminenses de berço, sendo eu natural da sede e ele do distrito e paróquia de Santo Antonio da Boa Vista. Quando ele nasceu, nosso município se chamava Villa Brazílea. Na minha vez, já era Brasília. Atualmente, é a progressista e carnavalesca Brasília de Minas, de vetustas tradições. Lembro-me de que sua primeira esposa, dona Zulma Antunes, era uma das mais queridas amigas de Mamãe. Encontravam-se com grande alegria, freqüentavam-se em visitas demoradas, cultivaram uma amizade que durou a vida inteira, desde a década de 1930. Mesmo assim, não tive oportunidade de ser identificado por Edgar Pereira; o destino nos escondia um do outro. Meu saudoso Pai, por seu lado, era muito estimado por ele, como amigo da família Antunes e seu parceiro nas partidas de pôquer que varavam a madrugada, nas noites frias de nossa cidade. Por ocasião da primeira eleição municipal de Varzelândia, meu velho, já aposentado da escrivania, foi convidado por Edgar para assessorá-lo como conhecedor de direito eleitoral. Pois nem assim foi feita nossa apresentação. E continuamos desconhecidos mesmo tendo sido Edgar patrão e amigo de meu irmão Fernando, que trabalhou durante anos na firma Irmãos Pereira. Fiquei conhecendo seu irmão Renato; e anos depois tivemos, eu e Maria do Carmo, o prazer de receber,em nossa casa, para um almoço, os irmãos Yolanda e Cipião Martins Pereira, ele do Jornal do Brasil e da revista O Cruzeiro, tido como um dos melhores textos da imprensa brasileira. Continuamos desconhecidos, ou melhor, ele não me conhecia, porque era uma pessoa pública, congressista e capitão de indústria, e eu apenas um rapaz que assinava matérias na imprensa local. Talvez tenha visto meu nome, e pode até ter lido a matéria e perguntado a alguém: “Quem é o autor”? Não passou disso nosso relacionamento por afinidade, de caminhos paralelos. As biografias publicadas desmentem versões que corriam sobre a personalidade do aniversariante. Não vejo nenhum demérito na pobreza. Os pobres ganharão o reino do céu, é certo, mas Edgar Pereira nunca foi de origem humilde, como se apregoa por aí. Em que terra, comerciante e industrial pode ser tido como pobre. Seu pai, o velho Ioiô, casado com dona Quita Pereira, era usineiro de algodão e matriculava os filhos nos melhores colégios. Outra lenda, que se desfez com as biografias de Augusto Vieira Neto e Wagner Gomes, foi a de que se tratava de um bronco, de poucas letras. Montaram até anedotas sobre essa suposta ignorância. Disseram que ao ser informado pelo técnico do Ipê de que o time, para atuar melhor, precisaria de entrosamento, teria dado a ordem para que comprassem o tal entrosamento. Isso deve ter sido maldade de algum cassimirense ou atenense. Essa pilhéria injusta e despropositada não faz sentido, uma vez que Edgar Pereira alisou bancos no Gymnazio Mineiro (atual Colégio Estadual), de Belo Horizonte, e no Colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, por onde passava a elite da juventude brasileira. Pode ter ouvido Manuel Bandeira discorrendo sobre poesia. Ou ter sido colega de sala de Vinícius de Moraes, nascido em 1913.

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