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Mensagem: A teoria na prática Waldyr Senna Batista O momento ainda é de festejar. Por algum tempo o prefeito eleito Ruy Muniz vai se ocupar de carreatas, entrevistas, discursos, abraços, visita ao prefeito atual, audiências (prováveis) com o governador do Estado e com a presidente da República, e algum foguetório. Mas será apresentado ao lado incômodo da questão, de cuja dimensão ele apenas suspeita. Tão ruim que o atual prefeito, há meses, vem se empenhando em alienar imóveis pertencentes ao município com o objetivo de fazer caixa e quitar débitos que não podem ser passados adiante, sob pena de infringir a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). Alguns desses lotes foram vendidos, (a Praça de Esportes foi excluída do rol por pressão da opinião pública) em rodada recente, nova licitação tornou-se sem efeito devido a falha no edital, que está sendo renovado agora, para leilão com pagamento à vista, tal é a urgência de dinheiro na Prefeitura. A situação do município é desesperadora. A dívida, que não para de crescer, inviabiliza qualquer empreendimento, o que inclui a proposta do futuro prefeito, que diz pretender inaugurar uma obra por mês. Não vai conseguir, por menor que seja o empreendimento. Se for de maior vulto, que exija aporte de recursos oficiais, estaduais ou federais, não será viabilizado devido à situação de inadimplência da Prefeitura com o Prevmoc, a previdência municipal, à qual a Prefeitura não recolhe nem o que é descontado dos funcionários. Em uma de suas entrevistas, o futuro prefeito reafirmou todas as promessas de campanha, que incluem a construção de hospital de traumas, a continuidade de grandes avenidas, a implantação do anel rodoviário Norte, a instalação de dezenove ‘’Cemei’s ‘’ e até a construção do sistema de transportes sobre trilhos, o VLT, que na campanha os adversários criticaram,apelidando-o de trem-bala. Um programa ambicioso cuja execução depende de injunções políticas, lembrando-se que o novo prefeito foi eleito em aliança com o PMDB, que é oposição no Estado, e derrotou o PT, que ocupa o Governo federal. Ruy Muniz argumenta que, passada a eleição, nada disso é empecilho, pois o que importa é o interesse público, bons projetos e boas relações com ministérios e demais órgãos oficiais em Brasília. Que ele não se iluda diante do vale- tudo que caracteriza a política, de maneira geral. De qualquer modo, ele não deveria abrir mão do saneamento interno da Prefeitura. Com a folha de pagamento em torno de assombrosos R$ 18/ milhões mensais e cerca de 12 mil servidores, não há como relevar o peso desse item na administração. O novo prefeito prometeu durante a campanha, e está repetindo nas entrevistas, que não haverá demissões. Jaime Lerner, urbanista de renome, ex-prefeito de Curitiba e ex governador do Paraná, em bem humorada entrevista a Alexandre Garcia, na Globo News, recomenda que os prefeitos agora eleitos, não devem começar colocando como tragédia as condições de seus municípios. Para tudo existe solução, diz ele, dependendo de boa estratégia e bons parceiros. Para ele, “ não há nada melhor do que ser prefeito” e ”ser prefeito é padecer no paraíso”. Ele condena o negativismo e aconselha soluções que contribuam para melhorar a urbanidade e influa na melhoria da administração: “Se a pessoa é respeitada, a tendência natural é de ela gostar da solução adotada para o problema”. Nas gavetas da Prefeitura há um projeto assinado por Jayme Lerner. Dele, apenas pequena parte foi realizada, a duras penas, resumindo-se praticamente na mudança do gramado dos jardins da praça Cel. Ribeiro. Mas estão previstas intervenções nas ruas Camilo Prates e Dr. Santos. Não foi executado por falta de recursos e pela impossibilidade de financiamento da Prefeitura. O prefeito Ruy Muniz deve adotá-lo, para que não fique parecendo ao urbanista paranaense que, “na prática, a teoria é outra”, como ensina Joelmyr Betting. (Waldyr Senna é o decano da imprensa de Montes Claros. É também o mais antigo e categorizado analista de política. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)
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