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Mensagem: Os cuidados nos abalos sísmicos José Prates Segundo a geologia, a terra é formada por camadas: a hidrosfera que é a camada d’água; a atmosfera os gases e a litosfera, a sua parte mais rígida que são as rochas, divididas em partes menores, chamadas placas tectônicas. Essas placas movimentam-se lentamente, gerando um processo continuo de esforço e deformação nas grandes massas da rocha. Quando esse esforço supera o limite de resistência da rocha, faz com que ela se rompa liberando parte da energia acumulada sob forma de ondas elásticas, chamadas de ondas sísmicas. Essas ondas podem se espalhar em todas as direções, fazendo a terra vibrar intensamente, ocasionando a sensação de tremor. De algum tempo para cá, não muito tempo, Montes Claros começou a aparecer no noticiário nacional falando sobre terremoto que atingiu a cidade, causando medo à população despreparada para isso. Logo no início, nos primeiros tremores, esse medo e esse despreparo para enfrentar o problema eram aceitáveis porque se tratava de um fato desconhecido até então e, portanto, inesperado, Ninguém podia imaginar que depois daquele abalo, outro viesse acontecer. Mas, aconteceu a primeira, a segunda, a terceira vez e, mesmo assim, o povo continuou sem saber pra onde ir, a cada novo abalo que chega sem aviso prévio porque não existe um órgão municipal, estadual ou federal na cidade, incumbido de descobrir a causa do sísmico e preparar a população para quando ele ocorrer, como acontece em lugares onde os tremores ocorrem com a mesma freqüência. O risco não está propriamente no tremor da terra, mas, no povo despreparado que foge com medo, sem saber pra onde ir, sujeitando-se a acidentes graves nas ruas cheias de gente correndo de um lado para o outro, sem destino. Foi em agosto de 1996, estávamos no Porto de Taiwan, na Asia, ao largo, aguardando atracação ao cais para a descarga de minério de ferro, quando houve um tremor de terra que pouco senti porque estávamos no mar. A duração foi de dois ou três minutos mais ou menos e o povo, devidamente preparado, porque as sirenes anunciaram a iminência de um tremor, suportou sem pânico, esse tremor. Conversando depois, com o Agente encarregado de receber o navio, este nos explicou que a população está preparada psicologicamente e adestrada através de treinamentos, a procurar abrigo nessas ocasiões. A Ilha de Taiwan está situada entre as placas tectônicas Filipina e Euroasiática, por essa razão é uma área passível de abalos sísmicos constante, daí, então, o preparo do povo para essas ocasiões. O habitante é preparado para manter-se calmo, evitando o pânico que é o causador de ferimentos e outros acidentes físicos, comum quando há correrias desordenadas. Durante o sísmico pode haver falha no fornecimento de energia, de água e no serviço telefônico o que, porem, não causa pânico, nem aflige a população devidamente preparada. As lojas e supermercados fecham até o final do tremor. O habitante treinado procura o abrigo mais perto da residência, o que faz com calma, sem tumulto. Conduz consigo água e comida, principalmente enlatada ou seca, suficiente para sua família, por um período de um dia, no mínimo; levam, também, água sanitária ou pastilhas para purificar água; mantêm um estojo (kit) de primeiros socorros, com as embalagens fechadas e dentro da validade; aprende e ensina a todos em sua casa como desligar o gás e a central de eletricidade de sua casa. Não podemos dizer que em Montes Claros essa providencia seja absolutamente necessárias, mas, com a freqüência dos sísmicos, é bom a população estar preparada para evitar problemas sérios criados pelo pânico. Interessante e necessário será o município instalar instrumentos capazes de detectar o sísmico antes que apareçam os seus efeitos e as autoridades municipais prepararem um grupo de pessoas para alertar a população sobre a iminência do tremor. (José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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