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Mensagem: “Fumacê” de volta Waldyr Senna Batista O retorno do “fumacê” e a retomada regular da coleta de lixo, que seriam atos de rotina, acabaram sendo usados pelo prefeito Ruy Muniz como medidas de efeito para mostrar que a cidade voltou a ter comando. Em nenhum momento ele disse isso, mas, para bom entendedor... O “fumacê” esteve ausente das ruas nos últimos tempos, enquanto o surto da dengue ia se transformando em epidemia. Atualmente, na cidade, em cada casa, haverá ao menos uma pessoa que já teve a doença ou que esteja apresentando sintomas dela. Aliás, o próprio prefeito pode atestar isso na pele... As vítimas contam-se aos milhares, sem que a Prefeitura tenha acionado o sistema preventivo ou adotado ação profilática para deter a doença, embora tenha contado com recursos do governo federal. Essa é a razão pela qual o retorno do “fumacê” transformou-se em festa. O lixo, acumulado nas ruas, nas calçadas e nos terrenos baldios, não apenas envergonhava a população, como mostrava o nível de desgoverno predominante na cidade, cuja prefeitura não acionava os instrumentos necessários para recolher os detritos que também incrementavam a proliferação do mosquito. A nova administração enxergou, nos dois setores, a forma ideal de demonstrar eficiência e disposição de trabalhar. No fundo, no fundo, o propósito era de marquetagem, para marcar presença como acontece frequentemente quando da mudança de administração. Ainda que esta tenha sido a intenção, ela terá sido oportuna, cabendo à Prefeitura continuar agora atuando de forma a consolidar a imagem positiva obtida. O que não pode é limitar-se a essa ação inicial em que se percebeu a improvisação, com a utilização de veículos e ferramentas improvisados, confirmando-se as informações de que, nesse caso como nos demais setores, os equipamentos estão sucateados. Seja como for, o que importa é manter em funcionamento as duas frentes, até que se superem os obstáculos que levaram a cidade a essa situação catastrófica. O novo prefeito pediu prazo de noventa dias para reverter a situação, mas teme-se que ele foi demasiado otimista e acabará tendo de ampliar esse prazo de tolerância. Tudo se resume na existência de recursos financeiros, havendo alguma esperança de que a tendência é favorável, ajudada pela arrecadação do IPVA (a metade da receita é do município) e do IPTU (a partir de abril), apesar de, quanto a este, incidir sonegação histórica superior a 60% da receita estimada. Outro ponto de desequilíbrio, que é a folha de salários, cujo montante alcança assombrosos R$ 18 milhões/ mês, o prefeito, cumprindo o que anunciou, montou sistema pelo qual pretende eliminar os funcionários –fantasmas e o empreguismo desenfreado, imaginando que, por esse meio, poderá reduzir em um terço a despesa. A primeira etapa do processo já foi cumprida, com a redução do número de secretarias, cada uma com titulares, adjuntos, chefes e subchefes, além de protegidos, afilhados e apaniguados de vereadores insaciáveis Vale registrar, a propósito, observação contida no discurso pronunciado na solenidade de posse, pelo representante do ex-prefeito, o ex-secretário Pedro Narciso, segundo o qual, nas últimas décadas, Montes Claros foi vítima do apadrinhamento político. Como figura de destaque no cenário político do município desde os anos 1980, o ex-vereador e também ex-deputado e ex-vice-prefeito sabe do que está falando. Mas, aparentemente, sua declaração passou despercebida, não tendo sido registrada pelos operosos rapazes da imprensa presentes ao ato de transmissão do cargo. (Waldyr Senna é o decano da imprensa de Montes Claros. É também o mais antigo e categorizado analista de política. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)
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