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Mensagem: Divulgado relatório sobre causas de tremores: UnB e Unimontes anunciam Núcleo de Sismologia na cidade - A partir de uma parceria entre a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e a Universidade de Brasília (UnB), será instalado em Montes Claros um Núcleo de Sismologia, a fim de monitorar e aprofundar os estudos sobre tremores de terra. O assunto discutido nessa terça-feira (12/03), em encontro entre o chefe do Observatório Sismológico da UnB, Lucas Vieira Barros; e o reitor da Unimontes João dos Reis Canela. Na oportunidade, foi divulgado o relatório do monitoramento e dos estudos sobre os abalos sísmicos ocorridos na cidade desenvolvidos pela própria UnB e pela Universidade de São Paulo (USP). De acordo com o relatório, através da rede de nove estações sismográficas instaladas no município, ficou constatado que os tremores têm como causa uma falha geológica de um a dois quilômetros de profundidade próxima ao perímetro urbano, na região da Vila Atlântida e do Parque Estadual da Lapa Grande. “Não é possível prever se a atividade diminuirá ou se haverá novo surto com algum tremor de magnitude superior a 4 pontos na Escala Richter. O cenário mais provável é que a atividade diminua gradualmente com alguns tremores ocasionais de magnitude próxima a 3. A probabilidade de ocorrer outro tremor maior é estimada em 1% (baseada em estatísticas de outros casos no Brasil). Mesmo com probabilidade pequena, recomenda-se reforçar as casas frágeis próximo à área de epicentro”, diz o relatório. A reunião com o professor Lucas Vieira Barros foi realizada no gabinete do reitor e contou com a participação da vice-reitora Maria Ivete Soares de Almeida, juntamente com o professor Expedito José Vieira, que coordena as atividades de implantação da Estação Sismográfica da Unimontes. Também participou o técnico Manoel Reinaldo Leite. Apoio do Estado – O reitor João Canela ressaltou o bom andamento dos trabalhos para a implantação da estação sismográfica da Unimontes, viabilizada a partir da parceria com a UnB e do apoio do Governo do Estado, que, por intermédio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), liberou os recursos para aquisição dos equipamentos no valor de R$ 150 mil. Os aparelhos foram importados junto a uma empresa do México e já começaram a ser instalados neste mês. O professor Lucas Vieira Barros fez um relato sobre a ocorrência de abalos sísmicos no Brasil e especialmente, na região de Montes Claros. Também abordou os resultados do monitoramento e dos estudos da UnB e da USP, que foram iniciados logo após o tremor de 4.2 na escala Richter, registrado em Montes Claros em 19 de maio de 2012. Ele lembrou que os estudos demonstram que os sucessivos tremores ocorridos no município de Montes Claros estão associados à existência de uma falha geológica. “Mas, trata-se uma falha pequena, que tem em torno de dois quilômetros de extensão, na direção Norte/Noroeste – Sul/Sudeste”, explicou. Por outro lado, ele destacou que os estudos ainda não são conclusivos. “Por isso, estamos aprimorando os estudos da rede sismográfica. Do ponto de vista institucional, vamos estabelecer a parceria com a Unimontes, com a criação de um Núcleo de Sismologia em Montes Claros, que vai assumir os estudos, com o objetivo de difundir conhecimentos e novas tecnologias”, afirmou o professor Lucas Vieira Barros. Ele acrescentou que o núcleo vai monitorar os fenômenos sismos não somente no Norte de Minas, mas também em outras áreas do estado, incluindo a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Resultado dos estudos O relatório do monitoramento e dos estudos realizados pelo Observatório Sismológico da UnB e pelo Centro de Sismologia da USP diz que: “os tremores mais fortes de Montes Claros estão ocorrendo em uma pequena falha geológica de orientação aproximada NNW-SSE (Norte/Noroeste-Sul/Sudeste) e dimensão de 1 a 2 quilômetros. Estudos preliminares mostram que a movimentação nesta falha se dá por compressão da crosta na direção aproximada E-W (Leste/Oeste) e NE-SE (Nordeste-Sudeste). Este tipo de falhamento (falha inversa) é comum nesta parte do Brasil”. Os especialistas da UnB e da USP ressaltam que “estas tensões geológicas compressivas são as mesmas que causaram os tremores de Manga (1990) e Jantaria (2007). Estas tensões geológicas são também compatíveis com as que causaram o sismo de Brasília de novembro/2000 (magnitude 4.2). Isso significa que os tremores de Montes Claros são resultados de “pressões” geológicas que atuam em uma ampla região do Brasil (...)”. Segundo o resultado dos estudos, “o foco dos tremores está entre 1 e 2 quilômetros de profundidade, bem abaixo da profundidade máxima esperada da camada de calcário na área de Montes Claros. Não há, portanto, nenhuma evidência de relação direta entre os tremores e a exploração de pedreiras no município”. Os técnicos também fazem recomendações para a convivência com os fenômenos. Eles lembram que não é possível prever se a atividade sísmica vai evoluir. Pois, “não há estudos capazes de auxiliar na previsão de tremores”. Esta dificuldade faz parte da natureza e não resulta da falta de equipamentos ou da falta de maiores estudos geológicos, geofísicos ou sismológicos. Diante desta incerteza, só é possível comparar com as dezenas de outros casos já ocorridos no Brasil. De acordo com o relatório, “uma análise estatística de todos os tremores no Brasil mostra que, quando há um tremor de magnitude 4. há uma probabilidade entre 15 e 22% que ocorra outro tremor maior durante os 12 meses seguintes ao primeiro tremor. Nestes poucos casos em que tremores maiores voltam a ocorrer, a maior parte ocorre nas primeiras semanas e a chance de ocorrência cai exponencialmente com o tempo. Considerando o tremor maior de Montes Claros ocorreram 10 meses atrás, pode-se estimar a chance de ocorrência de um tremor mais forte como sendo perto de 1%”. Por outro, os especialistas destacam que: “mesmo com pequena possibilidade de ocorrência de outro tremor maior, as vibrações no solo poderiam atingir acelerações de até 15% de gravidade (força gravitacional). Por este motivo, recomendam-se que as casas frágeis (afetadas pelo tremor de 19 de maio) sejam reforçadas, assim como outras construções críticas próximas à área epicentral, como escolas e hospitais. Telhados com telhas apenas assentadas, mas não presas, em casas sem forro, são especialmente vulneráveis”.
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