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Mensagem: A nossa Montes Claros José Prates Quando ouvimos falar sobre Montes Claros, como ontem, quando a TV Globo noticiou os tremores de terra que lá acontecem, não podemos impedir que nos venha à mente a cidade que nos recebeu na adolescência e nos encaminhou para a vida, cujos passos ainda trazemos na memória. Estivemos lá em janeiro passado, mas, a encontramos, para nós, quase irreconhecível porque a nossa Montes Claros, a cidade sertaneja bonita, com linguajar mineiro, perdeu muito do seu jeitão sertanejo. Cresceu e com o crescimento muita coisa modificou-se, sem, contudo, perder aquela maneira gostosa do sertanejo sem pressa, parando na rua pra cumprimentar o amigo. A cidade cresce, o modernismo chega, mas, a humildade continua a embelezá-la com aquela fala mansa no sotaque mineiro misturado com baiano. No mundo inteiro, poucos lugares existem com a beleza poética do sertão mineiro, cujos filhos esbanjam filosofia no linguajar. No centro da cidade, ficamos parados numa esquina, olhando pra um lado e para o outro sem identificar ninguém que passava apressado, no ritmo de lugar grande. As ruas são as mesmas, com a mesma largura, como a Dr Santos que pouco mudou. Quanta saudade dessa rua, a principal, onde estavam o centro comercial e as principais residências como a do Dr Alfeu, do Dr Konstantin, de Luiz de Paula; e as lojas mais famosas como a de Waldyr Macedo, o Foto Pinto, o Jornal de Montes Claros e lá na esquina com Rua Quinze, o bar de Zé Periquitinho com seu caldo de cana e pastel feito na hora. Descia um pouco, passando pela loja de automóveis, vinha o velho mercado municipal atulhado de bancas, ainda exalando o cheiro forte de pequi. O ambiente quase o mesmo de outros tempos, nos conduz ao passado, mas, a gente que passa apressada, enchendo os passeios, nada nos diz. São pessoas desconhecidas, vinda de outros lugares que fizeram a cidade crescer para lhes abrigar. Ninguém nosso conhecido; ninguém se abrindo em sorriso, de braços abertos, vindo ao nosso encontro para um abraço de boas vindas. Ali, os desconhecidos éramos nós. A Montes Claros que deixamos e que temos na lembrança parece com a que estávamos vendo, mas, não era ela. O lugar onde nascemos ou simplesmente fomos criados até a idade adulta e de lá nos afastamos por qualquer circunstancia, permanece em nossa lembrança como o víamos e o sentíamos então, porque à lembrança convém manter intacto como gravou, aquilo que lhe faz reviver o passado, sem a influência do tempo que a tudo modifica. Assim, Montes Claros está em nossa mente. Humilde, com jeito sertanejo; líder sem a pretensão de se impor. Pouca gente nas ruas; habitantes, eram cinqüenta mil. Hoje são quatrocentos mil que encheram as ruas de novos prédios e deram à cidade outras fronteiras. Sufocou a poesia e destruiu a brejeirice da sertaneja mulata, namorada do sertão, cheia de poesia nas noites de seresta na voz de Nivaldo Maciel e João Leopoldo. Sofreu a ação do tempo que lhe fez crescer para abrigar os milhares de almas que lhe procuram como abrigo. É o progresso que ignora a poesia, na busca do desenvolvimento. Vamos, porém, deixar que continue em nossa lembrança a Montes Claros do nosso passado, a Montes Claros amiga que nos recebeu, nos abrigou e nos abriu espaço para a vida.
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