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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 2 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Centenário de Correinha HAROLDO LÍVIO De vez em quando, sabe-se da comemoração oficial do centenário de nascimento de pessoas que conhecemos e com quem, às vezes, convivemos. Há poucos dias, transcorreu a comemoração familiar do centenário do ex-prefeito Geraldo Athayde. O evento teria ficado na intimidade da família apenas, e pouco divulgado, se não fosse um artigo de cunho biográfico de autoria da professora Maria Vasconcelos Câmara, amiga pessoal e correligionária do ilustre aniversariante, nas hostes do PSD de Dr. Alpheu, Deba, Neco Santa Maria e outros pessedistas do papo amarelo. Voltamos, aqui, ao batido assunto da cidade que vai perdendo sua memória e, consequentemente, perdendo sua identidade histórica. Porque uma data dessa importância, que fala de um dos melhores administradores que já passaram pela prefeitura, deveria ter sido festejada por iniciativa do poder público, comemorando, com justiça, o centenário do Prefeito do Centenário da Cidade. Felizmente, ainda está em tempo para fazer o preenchimento da lacuna. Muita gente importante de nosso conhecimento deverá estar completando cem anos de nascimento, no ano corrente de 2013, com direito ao registro da efeméride em letra de forma. Dedico esta página de recordação a um deles, pessoa de minha particular estima e com quem convivi de perto, no contato social e no trabalho diuturno, no Banco do Brasil, local em que nos conhecemos. Refiro-me ao exemplar cidadão Francisco Albernaz Correia, muito conhecido e bem relacionado nesta cidade, desde que aqui chegou no início da década de 1950, tendo se mudado para Belo Horizonte em 1968. Era chamado por todos de Correinha, dedicando-se, além do expediente no banco, ao magistério, como professor de inglês, idioma em que escrevia, falava e pensava, tal era seu domínio. Sua imagem de professor de língua eclipsava sua função bancária, que era tão somente um meio de prover a subsistência sua e de suas dependentes, a mãe dona Alice e a irmã Srta. Odette, duas ótimas criaturas. Portanto, o idioma de Shakespeare era o seu reino. Gostava de viajar pelo mundo afora, numa época em que se contavam nos dedos pessoas de Montes Claros que já tinham ido além de nossas fronteiras. Correinha tinha suas idiossincrasias pessoais e não abria mão delas, qualificando-se para quem não o conhecia como um esquisitão. Porém, com a convivência, descobria-se seu lado ameno de amigo de outras pessoas e também de cães e gatos. Nunca se casou e teria sido um modelar chefe de família, se tivesse encontrado a companheira. Perdeu a jovem que poderia ter sido sua esposa e também ficou solteira. Pode ter existido esta candidata. Correinha foi jovem no Rio de Janeiro, onde trabalhou em uma alfaiataria da Rua do Ouvidor. Em frente, funcionava a gravadora Parlophon. Então, ele e seus colegas viam passar Carmen Miranda, Sinhô, Orlando Silva, Francisco Alves, Mário Reis e Noel Rosa, que nós outros não pudemos ver. É de causar inveja. Talvez pela vizinhança musical, foi selecionado para o coral de mais de 20.000 vozes que se apresentou no estádio do Vasco da Gama sob a regência do maestro Villa-Lobos, no ano de 1943, com a presença de Getúlio Vargas. Este momento histórico foi o ponto culminante de sua vida. Saudades do meu amigo, companheiro de trabalho e padrinho de casamento. Viva Correinha!

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