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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 4 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Dois por um Waldyr Senna Batista O jornal deu a notícia, há poucos dias, como se ela fosse digna de comemoração: Montes Claros acabou de completar o emplacamento de 170 mil veículos. Considerando-se que a população, segundo o último recenseamento, era de 365 mil almas, conclui-se que a cidade conta com quase dois habitantes por veículo, incluindo crianças, idosos e inválidos. E essa estatística extravagante só tende a agravar-se, pois a frota cresce à razão de 500 novos carros postos em circulação, mensalmente, com o governo até subsidiando essa expansão, mediante redução de impostos. E ela se transforma em algo aterrador, quando se agrega a esses números as endiabradas 70 mil motos, que são um lance à parte nesse festival enlouquecedor. Não há espaço suficiente na cidade para tantos veículos em ruas estreitas, com quarteirões curtos, traçado em xadrez irregular e pistas tomadas por crateras que se multiplicam e se ampliam. Tudo isso levado em conta, o resultado não poderia ser outro: congestionamentos quilométricos e acidentes sucessivos, fazendo com que a emissão de gás carbônico piore a qualidade de vida da população. E o pior é que não há nenhuma iniciativa, nem a longo prazo, que permita supor que essa situação calamitosa venha a ser superada. Ao contrário, a tendência é de complicar-se ainda mais, pois, apesar de tudo, a cidade é dinâmica, progride, cresce e se fortalece economicamente. Montes Claros foi feita para carros de boi, tal como grande quantidade de cidades brasileiras. Aliás, Montes Claros não foi feita, ela se faz da maneira mais inconveniente possível, sem planejamento e sem qualquer iniciativa que leve à correção dos seus defeitos congênitos. E como ela deu certo, à sua maneira, os problemas foram sendo postergados, de forma que não há como consertar isso que aí está. O montesclarino ama sua cidade como ela é. Se o problema é a falta de espaços, já real, a solução óbvia é a implantação de avenidas que permitam a eliminação de pontos de estrangulamento do trânsito. Há várias delas projetadas, algumas implantadas (Esteves Rodrigues e José Corrêa Machado) e outras não concluídas (Sidney Chaves). Mas a de maior efeito seria o anel rodoviário, que ainda não saiu do papel, depois de enfrentar dificuldades que obrigaram a correção do seu traçado. Está há mais de dez anos à espera de autorização para ser iniciado, mas ao que consta ameaçado agora por questões de natureza eleitoral. As do Pai João e do Bicano tiveram serviços de terraplanagem executadas que se perderam porque as obras não tiveram sequência. Enquanto essas obras projetadas não se materializam, o crescimento da frota segue em ritmo alucinante, prestes a alcançar a proporção de duas pessoas por veículo emplacado. Se não houver medidas que facilitem a movimentação desses veículos, pode-se chegar àquela anedota que fala de paralisação total do trânsito, obrigando todos a deixar seus veículos na rua e concluir o trajeto a pé. (Waldyr Senna é o decano da imprensa de Montes Claros. É também o mais antigo e categorizado analista de política. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)

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