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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 5 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Uma história de trilhos

Manoel Hygino - Hoje em Dia

A Agência Nacional de Transporte Terrestre discutiu, na última semana de julho, o projeto de uma nova ferrovia que passará por Montes Claros, fazendo o itinerário entre Belo Horizonte e o Porto de Aratu, próximo a Salvador, na Bahia. O empreendimento estará a cargo de empresa privada e será leiloado até o primeiro semestre de 2014. Prazo de construção: cinco anos.A ferrovia se destina a cargas e permitirá velocidade de até 80 quilômetros por hora. Os trilhos ficarão a uma distância entre 30 e 50 quilômetros da maior cidade do Norte de Minas, devendo exigir de R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões. Com isso se substituirá a linha existente, construída nos anos 20. Mais do que tudo, porém, confirma que as lutas pela antiga estrada de ferro eram perfeitamente válidas e revelavam o espírito empreendedor, visão de futuro e notável pertinácia.O Norte de Minas sempre se sentiu isolado, distanciado do interesse dos homens de governo, longe do Palácio da Liberdade ou do Catete, embora lutando, brava e incessantemente, para ser integrado aos projetos da administração pública. A construção da estrada era uma imposição, que imensamente exigiu de esforços dos seus representantes nos parlamentos e de pressões de seu povo. A região precisava de comunicações, mas não conseguia rodovia ou ferrovia.
Na época da proclamação da República, chegou-se a constituir uma sociedade anônima para construir uma via férrea ligando Montes Claros a Extrema, no rio São Francisco; depois, mais duas iniciativas, que também se frustraram, não se sabe exatamente por quais razões. Somente com a nomeação de Francisco Sá, homem do norte-mineiro e celebrado empreendedor, o projeto começou a tornar-se realidade. Era 1922 e a ideia saía do papel. A estação de Bocaiuva, a quilômetros da cidade maior, foi inaugurada em 7 de junho de 1924, como registra Hermes de Paula, e houve festas inesquecíveis. O ministro visitou ambas as cidades, em meio a grande entusiasmo popular. Em 1º de setembro de 1926, a grande longitudinal alcançava seu ponto mais ao norte. O sonho se concretizava, até que um dia, muitos anos após, o trecho foi considerado antieconômico e os trilhos deixaram de servir a passageiros. Novo tempo de desânimo e sensação de desamparo. Agora ânimo, mas se terá de esperar.

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