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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Banana colhida no Equador pode ser importada para o Brasil - Com excesso de produção, Equador cumpre requisitos fitossanitários da OMC e mira o mercado brasileiro. No contra-ataque, produtores locais alertam sobre pragas e pedem bloqueio à União. Paulo Henrique Lobato e Carolina Mansur. Produtores brasileiros de banana estão apreensivos com a possibilidade de o governo federal abrir a porteira para a importação da fruta colhida no Equador. O país vizinho pressiona o Palácio do Planalto com a justificativa de ter cumprido os requisitos fitossanitários exigidos pela Organização Mundial de Comércio (OMC). Já os agricultores daqui temem que a entrada do alimento introduza pragas que não existem nas plantações nacionais, afetando a produtividade e aumentando o custo com a safra. Além disso, a entrada do fruto importado faria despencar seu preço no mercado. A União deve se posicionar definitivamente sobre o assunto nas próximas semanas. O Equador é o maior exportador da fruta. Um dos interesses pelo mercado daqui se deve aos efeitos da crise internacional: os Estados Unidos e a Europa, grandes compradores da fruta, reduziram a demanda em função da crise, causando um excesso de mercadoria na nação latina. Para os equatorianos, a abertura do mercado brasileiro pode reduzir essa perda. “Somos autossuficiente na produção de banana. Para ter ideia, a banana é a única fruta produzida em todos os estados do país. Não precisamos importá-la. Ao contrário, exportamos 5% da produção. O percentual só não é maior porque o consumo interno é grande. O faturamento anual do setor, que emprega 2,5 milhões de pessoas (vagas diretas e indiretas), fica em torno de R$ 10,2 bilhões”, disse Dirceu Colares, presidente Confederação Nacional dos Bananicultores(Conaban). O Brasil é o terceiro produtor mundial de banana, com cerca de 7,5 milhões de toneladas, atrás apenas da Índia e da China. Minas Gerais, com 687,3 mil toneladas dessa fatia, é o quarto maior produtor no país, depois de São Paulo (1,2 milhão de toneladas), Bahia (1,1 milhão de toneladas) e Santa Catarina (689,8 mil toneladas). O valor da fruta sobe acima da inflação oficial no país. Comparando julho de 2013 com o mês do ano passado, o quilo da banana Nanica, também chamada de Caturra, subiu 6,9% na Ceasa Minas, o maior entreposto do estado. “Fechou o mês passado em R$ 0,93. Já o da variedade Prata aumentou 9,4% no mesmo período, encerrando em R$ 1,51”, comentou Ricardo Martins, da seção de Informações da Ceasa Minas. As duas variedades subiram pouco mais que a inflação no acumulado dos últimos 12 meses, que ficou em 6,27%, segundo o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a receita gerada pela fruta em Minas foi de R$ 700 milhões em 2011, ano do último balanço disponível, representando um crescimento de 63% acima do apurado em 2010. Ainda de acordo com a pasta, os três maiores produtores em Minas estão na Região Norte: Jaíba (82 mil toneladas), Janaúba (58,1 mil toneladas) e Matias Cardoso (48,5 mil toneladas). BLOQUEIO Produtores brasileiros, auxiliados pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), manifestaram a representantes do Congresso Nacional e ao ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, o receio da entrada de novas pragas com a possível importação de bananas do Equador. O grupo aguardará a divulgação de um documento chamado de Análise de Risco das Pragas, mais conhecido pela sigla ARP, pelo Ministério da Agricultura. A expectativa é de que o documento seja divulgado antes do próximo dia 20. “Se for a nosso favor, tudo bem. Se não, vamos acionar nossos técnicos. Para controlar as pragas daqui, pulverizamos a plantação cinco vezes ao ano. Lá são mais de 50 vezes por ano”, critica o presidente da Conaban. Procurado pela reportagem, o ministério não se posicionou sobre o assunto. Preferência nacional Comum no cardápio do brasileiro, a banana também não fica de fora das refeições da aposentada Adelaide Carvalho. Ela e o marido fazem questão de ter em casa diversas variedades da fruta. “Compramos a banana da terra, a maçã e a prata para consumir no almoço e no lanche”, lembra. Mas a ideia de comprar a banana importada, pelo menos por enquanto, não agrada a aposentada. “Por muito tempo consumimos a banana que plantávamos no sítio, demorou muito tempo para nos acostumarmos com a banana do sacolão. Não tenho interesse em consumir uma importada, que deve ser mais artificial”, confessa ela, que lembra que saber a origem da fruta é importante para garantir o sabor e a qualidade da banana. Já a psicóloga Ana Cristina Vital acredita que a entrada do produto no país poderá pressionar os preços brasileiros, que são mais caros. “Enquanto as frutas lá são mais bonitas, as nossas são mais caras. Mas, se a fruta que chegar aqui for de qualidade e tiver um preço melhor, teria interesse em comprá-la”, afirma. Ana Cristina, que usa a fruta no preparo de receitas, vitaminas e como sobremesa, garante que o consumo da banana equatoriana deve ser encarada uma opção. “Comemos tantas frutas que vêm de outros países, como o pêssego, maçã e cereja, que a banana seria só mais uma”, afirma. Por nunca ter visto e nem experimentado banana importada, o proprietário da banca Seleção de Frutas, que fica no Mercado do Cruzeiro, Onair Ambrósio da Fonseca, recebe a notícia de uma possível importação com desconfiança. Ele conta que seu principal fornecedor de bananas fica em Ravena, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e que, devido à proximidade, oferece sempre um produto fresco, o que atrai a clientela. “A qualidade poderia ficar comprometida em função do tempo para chegar ao consumidor final. A banana que vem da Bahia, por exemplo, chega judiada para a gente”, explica. (CM)

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