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Mensagem: Rapaestrulubetobinchim, a trupe Alberto Sena Às vésperas de completar mais um janeiro, veio à contemplação a lembrança de quando descia a Rua Dr. Santos, em Montes Claros, década de 60, indo para a porta da Cristal. Era uma época virtuosa, como são todas as épocas. Mas é preciso ressaltar, estes eram tempos sem a agressividade e a velocidade da vida atual em convulsão mundial. Descia a rua Dr. Santos junto a uma trupe. Antes um havia passado na casa do outro e a cada passada a trupe aumentava de corpo. Cada um tinha o seu apelido. A junção dos apelidos soava assim: Rapa-Estru-Lu-Beto-Bin-Chim. Sem os hífens ficavam mais engraçados ainda, formavam uma palavra nova da língua portuguesa, com certeza, “Rapaestrulubetobinchim”. E, então, andavam e repetiam: Rapa-estru-lu – Rapaestrulu; Rapa-estru-lu-beto-bin – Rapaestrulubetobin; Rapa-estru-lu-beto-bin-chim – Rapaestrulubetobinchim. E tomem gargalhadas. Era uma vida animada, bem-humorada. Até se poderia pensar que ninguém estava nem aí pra nada. Mas não era assim, porque naquela época a moçada ainda estudava na Escola Normal e no Colégio São José. Alguns até trabalhavam. Ninguém imaginava o que cada um poderia ser no futuro, 40 anos depois de tudo vivido. Afinal, salvo engano ninguém tinha o dom da vidência. Hoje, tanto tempo depois (ou pouco, considerando a relatividade temporal) dos seis restam quatro. Rapa faleceu já faz uns 20 anos. Quem informou sobre a morte dele disse ter o amigo morrido “de gole”. Mas, segundo informação recente, dada por um dos irmãos dele, Rapa morreu foi do coração. Talvez porque amou tanto a vida que o coração não suportou. Outro que deixou a turma foi Bin. Este abusou do gole. Podia estar aqui, conosco, celebrando mais um janeiro. Entretanto, não há o que lamentar quando é sabido, só acontece o que deveria acontecer. Nada é por acaso. E essa história do se... Se tivesse feito isto ou aquilo nada disso teria acontecido é uma tremenda bobagem. Só o peru morre de véspera. Aliás, essa questão de vida e de morte é controvertida porque, na geometria da existência humana, + morte + vida = vida; – morte – vida = vida; + vida – morte = vida; – vida – vida = vida; + morte + morte = vida; + vida + vida= vida. Só existe vida. Essa tal de morte é pretexto para a perpetuação da vida. Então, para quem quiser uma sugestão, o melhor a fazer é viver a vida. E se possível, com qualidade. Cada um deve investir em si mesmo. Se assim não fosse, quem iria investir na saúde e no bem-estar de alguém? O IBGE aí está e não nos deixa mentir (sozinhos): a expectativa de vida aumentou bastante. Ninguém sabe o dia de desvestir da mochila definitivamente. Tanto pode ser hoje como amanhã ou depois. Considerando que estamos aqui, vivinhos da Sílvia, temos mais é que ter satisfação e alegria de viver, intensamente, sem ocupar com o que virá depois. Porque virá depois. No caso da trupe da noite aqui lembrada e exaltada, nos tempos de Montes Claros, a formação agora é a seguinte: (sem Rapa e Bin) ficaram Estru, Lu, Beto e Chim, que geraram outra palavra, Estrulubetochim. Até quando, só Deus sabe. Enquanto isso, continuemos a apreciar as belezas da Terra. Quão bom é contemplar o nascer e o pôr do sol. Majestoso, misterioso é o mar com as moquecas mil, sururus aos montes, ostras tantas e o sal da terra. Contar as estrelas do céu enluarado, escancarado. Se não temos asas nem nave para viajar pelo cosmo, usemos então a imaginação para, na velocidade do pensamento, tornar possível ganhar o espaço sideral. Este é um bom exercício para expandir o espírito e a mente. Mas o melhor pra gente sentir a intensidade do viver é andar. Andar e mensurar com os olhos da alma a grandeza da Mãe natureza. Sentir o frescor do prana das árvores e curtir a beleza dos pássaros e a magia do canto de cada um; a impetuosidade dos animais nos gerais e sertões de Minas e por toda parte. Apesar de alguns se esforçarem tanto para tornar o mundo inóspito, imundo. Ainda assim a vida pede para descer e subir sempre, a Rua Dr. Santos, a principal de Montes Claros. Naquele tempo em que os carros desciam a Dr. Santos. Agora, sobem. Mas há algum problema nisso? Absolutamente, nenhum. Os problemas e as soluções não estão fora, mas dentro da gente, meu senhor, ó minha senhora.
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