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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 6 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Para onde estamos indo? Pergunta-se

Manoel Hygino

Criança boliviana de 5 anos, em 28 de junho, é assassinada a tiros, em São Paulo, por um grupo de jovens brasileiros: um de 19 e outro de 18 anos. Considerados suspeitos e presos, foram conduzidos ao Centro de Detenção de Santo André até julgamento. A detenção não foi provisória, nem houve júri. Ambos foram encontrados mortos por envenenamento logo depois. Os companheiros de cadeia acharam melhor não aguardar o demorado processo na Justiça.
Um terceiro comparsa de 19 anos foi morto também a tiros. Um quarto e último se acha foragido. Certamente, será assassinado, extinguindo-se um quarteto de menores de 20 anos, que não se incluirão nas estatísticas de presidiários do país. Haverá quatro vagas no sistema penitenciário, tão precário em número e qualidade.
O Brasil se transforma numa imensa praça de guerra intestina. A apuração, julgamento e a punição atrasam em todas as esferas, porque não é do vezo do sistema aplicar sanções. As armas, contudo, estão por aí. O caso de Marcelo Perseguini, de 13 anos, não é isolado. Em minha cidade, um ex-presidiário, 24 anos, foi morto quando um indivíduo lhe desfechou três disparos fatais. Era o primeiro homicídio de agosto.
No oitavo mês, o IBGE divulgou que a expectativa de vida do brasileiro ao nascer cresceu 11,2 % entre 1980 e 2010. Média de vida 62,5 anos, no primeiro período; trinta anos depois, 73,7 anos. Se não perder a vida em acidentes de trânsito, nas estradas e por armas de fogo ou outras.
Tornamo-nos o quarto maior exportador de armas do mundo, segundo a entidade Small Arms Survey. Mas também, as compramos nos EUA, Rússia, Chile, Bélgica e China. Afora as de nossa própria produção, encontráveis à venda até na Praça 7, em BH.
Outro dia mesmo, na minha sertaneja cidade natal, um menino de oito anos foi apreendido exibindo uma garrucha de dois canos perto do Batalhão da PM. Estamos assim, e sem perspectivas de melhorar.
A legislação labiríntica induz à impunidade. A Justiça é lenta e tardia, frequentemente. Há os que acham melhor fazê-la com as próprias mãos.
Em 15 anos, quase 130 mil homicídios deixaram de ser contabilizados no Brasil. A grande maioria de mortes violentas registradas como “causas indeterminadas” pelo Datasus são, de fato, homicídios. Para o Ipea, os índices de assassinatos no país são 18,6% maiores do que os divulgados oficialmente. Os números espantam e inquietam. (N. Da Redação: o escritor e jornalista Manoel Hygino é de M. Claros)

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