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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 7 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Tempos montesclarinos Alberto Sena Quando principiava o fim do ano, os meninos e as meninas gostavam mais de Montes Claros. No final do ano, com a chegada das férias escolares, a cidade recebia mais gente de fora. Os montesclarinos estudantes em BH retornavam, e, então, Montes Claros vivia uma festa. Para tudo ficar mais gostoso, o principiar do fim do ano coincidia, e ainda coincide, com as chuvas benfazejas e a safra das frutas do Cerrado, tendo pequi como o principal personagem da festa, essa que infesta até hoje o sertão. Só não enxergava a festança quem não tinha olhos de ver. Uma ida ao Mercado Central bastava para tirar dúvida quem porventura tivesse alguma. Ind’agorinha, quem quiser encontrar pequi, manga de espécies várias; pitomba, tamarindo, pinha e outros frutos, é só ir lá, de preferência a pé, porque o trânsito de veículos está insuportável. Mas não se apoquente, vai piorar um pouco mais. O Mercado Central, como ia dizendo, é um dos atrativos de Montes Claros. Não sei se ainda é possível, mas algum tempo atrás, compravam-se doces, em barras, de marmelo, de cidra e de mamão. E, claro, como não poderia deixar de ser, carne “serenada” também. Essa história de “carne de sol” é balela. Com o advento da geladeira, a carne de sol verdadeira, aquela exposta à luz solar, desapareceu. Se existe ainda é lá pros cafundós, porque o que se faz por aí é salgar a carne e deixá-la no varal, quando muito, ou pendurada nos ganchos dos açougues. Isso pode ser feito em qualquer lugar. Depois é só batizar: “Carne de sol de Montes Claros, de Frei Inocêncio, de...” No tempo em que a geladeira não existia no Norte de Minas, era comum salgar a carne para garantir o consumo nos dias seguintes. A carne era exposta ao sol. Desidratada, tornava-se “carne seca”. E havia quem a comesse tirando lasca, cozida ao sol. Montes Claros ganhou fama com a “carne de sol”. Ainda hoje, aqui, em BH há quem peça “carne de sol” ao saber da ida de alguém ao Norte de Minas. Há quem se lembra do requeijão, “de Salinas, uma delícia!” Sem falar da cachaça. “Pinga, eu tomo é tendo”, dizia o jornalista Hélio Ferreira César, da época do jornal Estado de Minas. “Não tendo, não tomo”, emendava. Apesar de todo o crescimento desordenado, a cidade e a região conservam particularidades que lhe deram fama. Houve um tempo em que possuiu cassino. E vinham jogadores de todos os cantos tentarem a sorte, dispostos matar ou morrer. Depois da proibição dos cassinos, Montes Claros passou a ser conhecida como terra do boi. Imagina, teve até frigorífico, o Frigonorte. Depois do boi, ganhou fama com o distrito industrial, no auge da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que tinha no economista e sociólogo Lúcio Bemquerer um baluarte. Depois veio o período do carvão vegetal, seguido do “ouro branco”. Não fosse o bicudo, o algodão estaria fazendo a riqueza do Norte de Minas até hoje. Aos poucos, a produção vai sendo retomada com o cultivo de espécie resistente à praga. Montes Claros tornou-se conhecida também pela cultura, disseminada por Cyro dos Anjos e Darcy Ribeiro, só para citar dois grandes; além da sua imprensa, que na década de 60/70 revelou valores para a mídia da capital e de fora do Estado. Montes Claros, enfim, ganhou o Brasil e o mundo por meio do comércio forte de cidade polo de tudo vindo do Nordeste brasileiro. O que se acentua mais ainda nos dias atuais com a BR 251, já pedindo socorro, precisando ser duplicada. Montes Claros, enfim, tornou-se conhecida mesmo como terra de mulher bonita. Gente queimada de sol do sertão. E pela hospitalidade, que muitas vezes lhe valeu abuso de gente inescrupulosa. Sobrevivente a tanta administração pública sofrível, não serão os tremores de terra que impedirão Montes Claros de seguir a sua sina de cidade polo. E aproveitando a oportunidade desta conversa à mesa, ao redor da panela de arroz com pequi, as eleições vêm aí. É importante, desde já, fazer alongamento, esquentar os músculos para exercitar o senso crítico, político. “O pior analfabeto é o analfabeto político”, dizia Bertolt Brecht, dramaturgo alemão. Não se pode deixar a violência urbana e a ação dos maus políticos mudarem a boa fama de Montes Claros. Sob o risco de comprometimento das gerações de hoje e as futuras.

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