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Mensagem: Aura sertaneja Alberto Sena Montes Claros, “Coração Robusto do Sertão”, no dizer de Francisco Sá, devia aprender a ganhar no dia a dia com a sua alma sertaneja, e até com a denominação do que lhe é intrínseco, cultural e turístico. Imagina se ao trafegar pela Rua Dr. Santos, antes chamada Bocaiúva de uma ponta a outra, a gente descesse a Rua da Pitomba (eira)? Nada contra, evidentemente, o Dr. Santos, personagem até hoje considerado o maior administrador da cidade. Dentro desse ideário, imagina se possível fosse mudar, duma hora para outra, os nomes das vias públicas da cidade. Ao invés de nomes de pessoas, receberiam denominações de árvores frutíferas e, também, das próprias frutas, flores, aves e animais quadrúpedes endêmicos do sertão norte-mineiro. Particularmente, acharia ótimo nascer na Rua do Pequizeiro, uma das árvores mais generosas e importantes, sob todos os aspectos. Copa aberta, folhas, flores, tronco e galhos delicados, frágeis na sua rusticidade, os frutos do pequizeiro são riquíssimos. São complexos vitamínicos, e só isso justifica o cultivo dessa bendita árvore chamada de “Esteio do Cerrado” por Téo Azevedo, ganhador do Grammy. Identificar as vias públicas com nomes de personalidades estimula de alguma forma, a vaidade e o uso político dessas pessoas homenageadas post mortem. Se ao contrário, os nomes fossem retirados das características que dão alma ao sertão e nele fazem brotar frutos endêmicos, Montes Claros a essa altura irradiaria sua luz com energia ainda maior. Praças e ruas com nomes do tipo: da Jabuticaba (beira), do Araticum (zeiro), da Cagaita (teira), do Murici (zeiro), do Araçá (zeiro), da Pitanga (gueira), da Mangaba (beira), do Jenipapo (peiro). Bairros com nomes de árvores: do Cedro, do Angico, da Aroeira, da Imbuia, da Peroba. Logradouros com nomes de rios: Verde Grande, São Francisco, Urucuia, Lapa Grande. E com nomes de insetos: do Carrapato, do Marimbondo, da Abelha, da Muriçoca e assim por diante. O clima da cidade seria ainda mais hospitaleiro. Wanderlino Arruda lembrou bem, semana passada, com o subsídio do historiador Hermes de Paula, os nomes antigos de ruas de nossa cidade. Montes Claros difere das outras cidades. Não precisa copiar nada de fora. Basta utilizar-se dos próprios recursos para arborizar as ruas com as árvores da região. Já imaginou pequizeiros arborizando as praças? Cagaiteiras derramando os seus frutos no chão todo ano, para alegria de crianças de até mais de 100 anos? Claro, seria necessário colocar os espécimes certos nos lugares adequados. Não se poderia colocar pequizeiro em calçadas, sem o risco de as raízes estourarem o passeio. Mais do que homenagear os personagens da história da cidade com nomes de ruas seria arranjar lugar para instalar um museu para contar a história da cidade até chegar aos tempos dos nomes que ainda estão acesos na memória, Tiburtina, Cyro dos Anjos, Hermes de Paula, Cândido Canela, Darcy Ribeiro, Mário Ribeiro, João Valle Maurício, Antônio Lafetá Rebello, Simeão Ribeiro Pires, Dulce Sarmento, além de vários outros. Os europeus costumam explorar ao máximo os recursos turísticos e os valores locais, chegando ao ponto até de vender ilusões, como na Alemanha, onde uma cidade vive praticamente em função das histórias escritas pelos Irmãos Grimm, caso de Bremen. Como mulher de coragem, Dona Tiburtina mereceria um bom espaço nesse museu. Nos dias atuais, pouco é divulgado a respeito dela, que surpreendeu o País e contribuiu para a chamada Revolução de 30 ao fazer o vice-presidente da República Fernando Melo Viana fugir de ré para BH no mesmo trem que o trouxera a Montes Claros. Esse museu podia conter ala só de culinária norte-mineira, a partir da carne de sol. Dela se poderia contar a história remontando aos primórdios da região, antes, muito antes do advento da geladeira. O arroz com pequi também faria parte dessa ala e vários outros pratos. O museu teria encenação permanente da nossa história, com os personagens replicados em cera. Tudo respaldado com literatura pertinente, agregada a vídeos e ao aparato tecnológico atual para bem contar a vida e a obra dos montesclarinos. “Do tempo do bandeirante Antônio Gonçalves Figueira ao do antropólogo, indigenista, escritor, político etc., professor Darcy Ribeiro”, esta seria a inscrição na entrada.
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