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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 7 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Confesso, em BH vivi

Alberto Sena

Vivi mais tempo em Belo Horizonte do que os 22 anos em Montes Claros, do nascimento até 1972. São mais de 40 anos de BH. Tempo suficiente para construir uma vida, sob todos os aspectos. Afora um ano e pouco vivido em Viçosa, Zona da Mata, todo o tempo foi aqui. Amo esta cidade.
A partir da capital rodei o mundo, pessoal e profissionalmente. Desses mais de 40 anos, 24 foram passados no jornal Estado de Minas, por meio do qual prestei bons serviços profissionais. Lá, trabalhei de repórter de setor (nomenclatura dada ao iniciante) a editor, de Agropecuária, Meio Ambiente e Economia. Lá, ganhei Prêmio Esso de Jornalismo, Prêmio Fenaj de Jornalismo e outros.
Do jornal Estado de Minas fui trabalhar, nesta ordem: no extinto Diário de Belo Horizonte, Hoje em Dia, Gazeta Mercantil, Fundep e prestei assessoria de imprensa a várias instituições. Publiquei centenas de reportagens. Tenho quase todas arquivadas. Por último, retornei ao Hoje em Dia onde fiquei até novembro de 2013.
Sou eternamente grato a Deus e a BH. Conheci a Europa, EUA, Israel, países da América do Sul (Equador, Colômbia, Argentina, Uruguai e Paraguai) e a Ásia (Japão, China, Coréia do Sul, Hong Kong, Tailândia e África do Sul). Fiz o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, duas vezes. Foram 500 e depois mais de 800 quilômetros, a pé, em 2001 e 2002. Fiz o Caminho da Fé quatro vezes, de Águas da Prata ao Santuário de Aparecida do Norte, também a pé, 300 quilômetros pela Serra da Mantiqueira.
A essa altura, o leitor paciente deve estar se perguntando: “Afinal, aonde esse cara quer chegar?” Quero chegar ao ponto de dizer que, depois de tudo, estou de malas prontas para viver o que me resta de vida (espero estar na metade) em Grão Mogol, cidade localizada na divisa do Norte de Minas com o Vale do Jequitinhonha. Terra natal do amigo Lúcio Bemquerer, que costuma dizer: “Há três cidades maravilhosas no mundo, nesta ordem, Grão Mogol, Rio de Janeiro e Paris”.
Concordo plenamente com ele. Aliás, é preciso dizer, a minha relação com Grão Mogol foi amor à primeira vista. Como montesclarino, nascido pelas mãos de Irmã Beata, nunca havia visitado Grão Mogol, distante de MOC só 143 quilômetros. Podia ter ido lá até mesmo a pé, de tão viciado em caminhadas. Gastaria menos de uma semana andando a média de 30 quilômetros por dia. Foi preciso morar esse tempão todo em BH para, há questão de dois anos, conhecer Grão Mogol.
Foi assim: o abençoado empreendedor Lúcio Bemquerer construiu lá o maior presépio do mundo perene e a céu aberto e me chamou para ajudar a divulgar a boa nova. Fui. Ao chegar lá senti forte sensação. Conclui: “Eis aqui o meu lugar”. Ao retornar a BH, passei dois anos martelando no íntimo do coração, onde os sonhos se realizam antes de concretizarem: “Vamos morar em Grão Mogol”.
Ajudou muito nessa decisão o fato de BH ter se transformado tanto ao longo de quatro décadas. Apesar do amor pela capital, é preciso admitir, a cidade está cada dia mais insuportável. O trânsito de veículos e de gente deixa qualquer um doente, tamanho o estresse. O ar poluído das grandes cidades provoca câncer. A constatação é da Organização Mundial de Saúde (OMS). A violência inibe as pessoas saírem de casa e nos impede de frequentar determinados lugares. As distâncias estão cada vez maiores. Aqui, o perto é longe. Como em São Paulo, outra cidade inviável em termos de falta de qualidade de vida.
Grão Mogol é hoje, depois de décadas parada no tempo, um terreno arado pronto para o plantio. É cidade histórica. Mas não se parece com nenhuma outra porque possui luz própria.
Grão Mogol lembra a Montes Claros da meninice, quando as famílias se sentavam às portas das casas para conversar e chupar picolé ou sorvete a fim de amenizar o calorão. Montes Claros de hoje está como BH atual. Cresceu. Virou metrópole. Absorveu todos os problemas verificados nas grandes cidades.
Em Grão Mogol, a pretensão é de semear sementes selecionadas para produzir bons frutos. A região é como um clube campestre. Por onde a gente anda há lindas paisagens e água em profusão. Lá o ar é puro. É possível viver bem naquele lugar. Tem qualidade. Lembra pueblos espanhóis.
Um dado importante: quem vai para Grão Mogol vai só para Grão Mogol. Quem quiser ir de lá para qualquer outro lugar precisa voltar. Esse impedimento geográfico torna a cidade um lugar seguro. Além do que a polícia vive de olho nos visitantes. À menor suspeita, aborda os desconhecidos a fim de saber o que pretendem ali.
Em virtude disso, as portas e as janelas das casas ficam abertas. Os vizinhos trocam oferendas. Todos se conhecem. O catálogo telefônico da cidade registra não o nome das pessoas, mas o apelido. Lá se pode subir serra e descer encostas. Cavernas várias convidam à visitação. O presépio atrai visitantes da região, do Brasil e do exterior. E acaba de receber uma bênção sacerdotal do Papa Francisco.
Por tudo isso e mais algumas coisas, neste dia 13 de janeiro de 2014 faço, aqui, para quem interessar possa a prestação de contas. Afinal, devo uma satisfação aos amigos. Claro, estamos indo – eu e Sílvia – mas não significa abandonar definitivamente BH. Não. Volta e meia estaremos aqui. Com internet se pode estar em qualquer lugar do mundo.
Como fixar residência novamente em Montes Claros é a mesma coisa de ficar aqui, não volto pra lá. Volto pra região onde as raízes estão plantadas, com muita vontade de assim ganhar asas.
Que Deus abençoe e guarde a todos os amigos – e os inimigos, acaso houver algum, pois não sei de nenhum. E, claro, nós incluídos.

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