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Mensagem: Agora que a terra treme, e treme levemente, é hora de ler poesia do mais alto valor. O autor viveu menos de 40 anos, antes do século que passou, e precisa ser mais conhecido, entre nós; pois que, do outro lado do mundo, no Oriente, sua vida deliberada errante deixou um caminho de Luz, que também não se apaga. Leia, leiam, e uma Chuva vai entrar na cidade. ´Canção do Sannyasi Faze vibrar o canto! A onde que nasceu Lá longe, onde mácula alguma do mundo jamais chegou, Nas cavernas das montanhas e nas clareiras das frondosas selvas, Cuja calma nenhuma ânsia de luxúria, fama ou fortuna Atreveu-se jamais a turvar, lá onde fluía a torrente De sabedoria, verdade, e a bem-aventurança que as acompanha, Canta alto este mantra – intrépido Sannyasin! – dize: “Om tat sat, Om” Rompe teus grilhões! Laços que te atam De ouro reluzente ou de metal ordinário, Amor, ódio; bem, mal; e todas as demais dualidades. Sabe: escravo é escravo acariciado ou açoitado, nunca liberto. Pois algemas, embora de ouro, nem por isso Menos forte são ao encadear. Então fora com ela – valoroso Sannyasin ! – fala: “Om tat sat, Om” Dissipa a obscuridade ! Fogo fátuo que agrega, Com luz tremeluzente, mais sombra sobre sombra. Extingue para sempre esta sede de vida que arrasta A alma, de morte e nascimento, de nascimento a morte. Conquista tudo, aquele que consquista a si mesmo. Sabe isto não te rendas Jamais – bravo Sannyasin ! – clama: “Om tat sat, Om” “Quem semeia colhe” – dizem – e a causa trará O inevitável efeito: o bem, bem; o mal, mal, e ninguém À lei escapa. Pois qualquer que tome uma forma Tem que aceitar os grilhões. Absolutamente certo ! Contudo, mais além De nome e forma está o Atman, sempre livre. Sabe que tu és Aquele – pertinaz Sannyasin – louva: “Om tat sat, Om” Ignoram a verdade aqueles que sonham sonhos tão frívolos Como pai, mãe, filhos, esposa e amigo. O Eu Supremo assexuado, de quem é pai, de quem é filho? De quem amigo, de quem inimigo é Ele, que não é senão o Uno? O Eu Supremo é o todo em tudo, ninguém mais existe. E tu és Aquele – valente Sannyasin ! – afirma: “Om tat sat, Om” Só existe Um: o Liberto, o Conhecedor, o Eu Supremo ! Sem nome, forma ou nódoa. Nele está Maya, sonhando todo este sonho. Ele, a testemunha, manifesta-se como natureza e espírito Sabe que tu és Aquele – denodado Sannyasin ! – exclama: “Om tat sat, Om” Onde buscas? Aquela liberdade, amigo, nem este mundo Nem o outro te podem dar. Vã é tua procura Em livros e templos. É só tua mão que agarra A corda que te arrasta. Cessa, portanto, teu lamento, Solta a amarra – indômito Sannyasin ! – exalta: “Om tat sat, Om” Dize: Paz a todos ! De mim não haja risco Para qualquer ser vivo. Nos que habitam as alturas e Naqueles que rastejam pelo chão, eu sou o Eu Supremo! Renuncio a toda vida aqui e além, A todos os céus, terras e infernos, a todas esperanças e temores. Corta assim todos os teus laços – arrojado Sannyasin! – brada: “Om tat sat, Om” Não te importes mais como este corpo vive ou morre. Tua tarefa está feita. Deixa que karma te conduza em sua corrente. Que alguém te ponhas guirlandas e outro te maltrate Esta carcaça – nada digas! Não pode haver elogio ou vitupério Onde o que elogia e o elogiado, o caluniador e o caluniado são Um. Sê, assim tranquilo – destemido Sannyasin! – celebra: “Om tat sat, Om” A verdade nunca medra onde habitam luxúria, fama E cobiça de lucro. Nenhum homem que pensa em mulher Como esposa pode ser perfeito. Tampouco aquele que possui o mais ínfimo bem; nem Aquele ao qual a ira subjuga pode trespassar as portas de Maya. Portanto, abandona tudo isso – ousado Sannyasin! – glorifica: “Om tat sat, Om” Não tenhas casa. Que lar pode te conter, amigo? O céu é teu teto, a relva teu leito e, alimento, Aquele que o acaso te traga – bem ou mal cozido – não o julgues. Comida ou bebida alguma corrompem aquele nobre Eu Supremo Que se conhece a Si Mesmo. Tal como um rio impetuoso e livre, Sê sempre tu mesmo – corajoso Sannyasin! – exprima: “Om tat sat, Om” Raros são os que conhecem a Verdade. Os demais te odiarão E rir-se-ão de ti – Ó Grande! – mas não lhes faças caso. Vai – Ó Livre – de lugar em lugar e ajuda-os A sair da obscuridade do véu de Maya. Sem temer a dor e sem buscar prazer, Transcende a ambos – estóico Sannyasin! – recita: “Om tat sat, Om” Assim, dia após dia, até que exaurido o poder de karma, Libera tua alma para sempre. Não mais nascimento! Nem eu, nem tu, nem deus, nem homem! O “Eu” tornou-se o Todo, O Todo é o “Eu”, é Beatitude, Bem-aventurança. Sabe que tu és Aquele – audaz Sannyasin! – canta: “Om tat sat, Om”´ Swami Vivekananda
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