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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 15 de novembro de 2024
 

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Mensagem: As raízes do Barão de Grão Mogol Alberto Sena O Barão de Grão Mogol, coronel Gualtér Martins Pereira tinha 64 anos quando os ex-escravos o sepultaram nas terras da propriedade dele, fazenda Santa Angélica, município de Rio Claro (SP), em 1890. Para a baixa expectativa de vida, naquela época, ele viveu bastante. Mas viveu quase a vida toda em Grão Mogol, tendo nascido em 1826, nas terras da fazenda Santo Antônio, cujo nome foi mudado para Cafezal. O título de barão, ele o recebeu de Dom Pedro II, aos 53 anos de idade, meio a contragosto, porque era republicano. E teria deixado Grão Mogol, depois de vendida a fazenda Cafezal, em 1880. Considerando que ele morreu em 1890 viveu só dez anos em Rio Claro, onde cultivou café. VULTO HISTÓRICO O barão era neto de Antônio Martins Pereira e de dona Francisca Martins Pereira e filho legítimo de Caetano Martins Pereira e de dona Josepha Carolina Dias Bicalho. Casou-se com dona Emília Martins Pereira, tendo o casal os filhos Sérgio, Matilde e Orlinda. O barão foi um dos vultos mais importantes do sertão mineiro e chefe do partido Liberal, em Grão Mogol. Foi presidente da Câmara Municipal, em 1861, e, seguidamente, vereador (ele foi também presidente da Câmara Municipal de Rio Claro). BATALHÃO O coronel Gualtér organizou o 7º batalhão de Voluntários da Pátria, em 1865, para lutar na Guerra do Paraguai, no qual incluiu quatro de seus irmãos, vários parentes e escravos da fazenda Cafezal. Os escravos receberam a promessa de liberdade após o conflito. Ele não acompanhou o batalhão até a área de guerra. Conduziu-o ao Rio de Janeiro, fardado e armado à sua própria custa, o que lhe valeu os brasões de Barão de Grão Mogol. O fato de o barão ter vivido mais de meio século em Grão Mogol justifica plenamente o traslado dos restos mortais dele para a terra natal. O túmulo dele estaria abandonado em meio a um canavial, em Rio Claro. Em realidade, o barão ainda não recebeu de Grão Mogol, de Minas e do Brasil o reconhecimento dos serviços prestados numa época de transição do regime monárquico para o republicano. E também pelas ideias abolicionistas. Muito antes da Lei Áurea, o barão já libertava escravos. Três meses antes de princesa a Isabel assinar a Lei, ele libertou todos os seus escravos. PEDRAS FALAM A não ser a Serra do Itacambiruçú com o seu nome e a trilha de 15 quilômetros nada mais há que lembre o nome do barão em Grão Mogol. Entretanto, até as pedras falam dele na cidade e clamam pelo nome dele. Gualtér tinha como irmãos João Batista Martins Pereira, Emígdio Martins Pereira, Pedro Martins Pereira, Maria Vicência de Oliveira Martins e Ramiro Martins Pereira. Segundo registra Manuel Esteves, no livro de capa vermelha intitulado Grão Mogol, no Arquivo Nobiliário Brasileiro, organizado pelos barões Vasconcelos e Smith de Vasconcelos, editado em Lausanne, em 1918, “repositório do brasonário nacional, nele não encontramos o brasão de armas dos Martins, de Grão Mogol”. Esse registro de Esteves gera especulações, como por exemplo: será que o fato de ele ter recusado o título dado por Dom Pedro II, no primeiro momento, tendo sido quase que obrigado a aceitá-lo teria desgostado o rei ao ponto de ele próprio não ter levado a honraria a sério? Será que o título foi só de boca? Na hipótese do coronel Gualtér não ter sido barão de direito, o foi de fato, tanto é que o título se incorporou ao nome. Ele foi considerado “um homem bom”, ao contrário do que circula em certas publicações encontradas na internet. Rico, com prestígio na corte de Dom Pedro II, ele abriu o mercado brasileiro para trabalhadores das Ilhas Canárias, quando vivia em São Paulo. PARENTES Pessoalmente, não conheço nem tenho notícia da existência de sequer um parente direto do barão, que segundo a lenda teve 78 filhos, sendo a maioria deles com escravas. Conta o professor Geraldo Fróis que ele dividiu a fortuna em partes iguais para ele, a mulher e os filhos. A parte do barão, ele próprio teria dividido com os escravos. E mais: em vida, teria reconhecido 15 filhos com escravas. Mas estou desconfiado de que conheço pelo menos um descendente do barão, considerando o sobrenome Martins. Ele é conhecido de muita gente pelo texto impecável, crônicas e artigos publicados em jornais como “Estado de Minas” e “Hoje em Dia”. E pelos livros escritos. Sebastião Martins é o nome dele, cujas raízes estão fincadas em Grão Mogol. Tem tudo pra ser parente do barão.

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