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Mensagem: O carente São Francisco Manoel Hygino - Hoje em Dia O historiador João Ribeiro, um dos notáveis polígrafos do Brasil no século passado e cujo sexagésimo aniversário de morte este ano se registra, deixou consignado: “...excluído o mar, caminho de todas as civilizações, o grande caminho da civilização brasileira é o rio São Francisco; é nas suas cabeceiras que pairam as grandes bandeiras, e daí se expande e ondula o impulso das minas, é no seu curso médio e interior que se expande e propaga o impulso da criação, os dois máximos fatores de povoamento”. Joaquim Ribeiro, que não é o romancista de “A Carne”, mas o renomado polígrafo elogiava: “A amenidade do clima, a fertilidade da terra e a abundância da água garantem a higidez da população, que só conhece as catástrofes das grandes cheias, que, todavia, prenunciam safras prodigiosas vindouras”. A situação não é mais tão feliz, como atestam as informações, contidas em relatórios oficiais e na imprensa, que não deixa de advertir pra os problemas atuais. As águas deixaram de servir, há muito, apenas ao abastecimento da população e à agricultura, porque o país necessitava de energia elétrica e o rio poderia prestar eficiente contribuição. Três Marias e Paulo Afonso o demonstram. A ideia de aproveitamento das águas para suprir demandas do Nordeste foi posta em execução – sempre atrasada – pelo ex-presidente da República Lula, enquanto não se assegurava à suficiência o controle da qualidade e quantidade de volume emanado dos altos de São Roque e, em seguida, dos demais afluentes da miraculosa bacia. Mas o São Francisco já não é o mesmo, diminuiu, se degradou, sem que se tomassem medidas prévias indispensáveis. A corrente é hoje frágil e a seca, que atormenta ponderável parte de Minas Gerais, atinge enormemente o rio da unidade nacional, com o sistema energético necessitando ininterruptamente de socorro das térmicas. Enquanto a maior cidade do país sofre a falta d’água até nas torneiras, o espectro do racionamento de energia, sempre negado pela autoridade competente, passeia por um cenário de incertezas. Em Três Marias, por falta de água suficiente, reduziu-se o trabalho das turbinas, enquanto a cidade de Pirapora, mais embaixo, entra em regime de contenção de consumo. As populações ribeirinhas padecem angústia cotidiana e há previsões sombrias, a curto e médio prazos. A própria navegação, sustentáculo da economia de extenso território, é afetada. A paralisação das viagens do velho Benjamim Guimarães, vapor de tradição nas barrancas, adverte para a gravidade do problema. Lembramos que a embarcação, trazida dos Estados Unidos, é a última movida a lenha ainda em atividade no mundo. No rol de adversidades, envolve-se, ainda, o turismo, valiosa fonte de economia para este segmento do São Francisco e oferecendo perspectivas alvissareiras. O vapor interrompe o curso após 101 anos de sua construção, enquanto a cidade em que se inicia a navegação do Velho Chico se vê na contingência de lançar mão de solução de emergência para não faltar o precioso líquido nas torneiras. Sinal dos tempos!
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