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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: MEU AMIGO DUCHO Wanderlino Arruda Poderia demorar o tempo que demorasse, mas a esta crônica, depois de longo período de ausência, teria de ser publicada. Escrevo sobre o meu amigo Ducho, pai de Glacira e Thaís, de Lúcia e Fátima, de Tarcísio e Expedito, de Tiãozinho e Raimundo, pai de Miguel e marido de Dona Geralda. Claro que esta crônica era para ser escrita, há muito tempo, por ocasião das homenagens que lhe foram prestadas por alunos e professores do Conservatório Lorenzo Fernandez. Deveria fazer parte do momento vivo de amor e admiração, na festa cantada em prosa e verso numa noite de maior alegria para os amigos de Sebastião Ducho, mestre da arte de ser feliz. Passado o momento, não passou a ocasião. Eis-me aqui falando dele. Realmente, para falar de Ducho não precisa de pressa. Ele foi o homem de calma constante, de boa disposição íntima, de alegria bem comportada, de sorriso sério, um desfilar vivencial de completa felicidade. Homem lúcido, realista, racional e equilibradamente místico, foi um filósofo elegante e de bom trato, sempre portador de uma palavra amiga, sem qualquer sina de ostentação. Ducho foi um homem, sobretudo, interessante, sóbrio e limpo, parece estar sempre saindo do banho; amigo de todos. Era equidistante, não se apegava nem se afastava de ninguém; um quase silencioso e respeitado companheiro, pois falava comedido como um velho marinheiro, voz suave de um vitorioso embaixador. Não creio que Ducho guardasse no coração qualquer traço de ressentimento; pois seu olhar sempre foi de completa paz, um misto de Sócrates e de Gandhi, parece conhecedor dos mistérios de Eleusis, um tipo de viajante feliz do Nirvana, com passagem pela Terra. Falando com Ducho, certa vez, sobre religião, perscrutando profundamente seu pensamento, perguntei-lhe sobre seu conhecimento espírita e até aonde ia sua convicção nos postulados da codificação de Kardec, tal sua harmonia de ideias, um tanto de Buda e muito Krishnamurti. Ele sorriu com o mais amistoso dos sorrisos e, sem qualquer atitude crítica, disse-me que era um fiel respeitador de todas as opiniões religiosas, mas que, por questão até de lógica, procurava situar-se sempre acima delas, jamais as tocando diretamente. Para se viver bem com todas, respeitava-as e aproveitava de cada uma o melhor. Era preciso sobre pairar do alto, não se envolver não tomar partido, ler de tudo, e retirar a essência como aconselhou o sábio divulgador do cristianismo, Paulo de Tarso. Aí está o segredo obtido das suas observações e de muita leitura, sempre foi homem de fé, trilhando os múltiplos caminhos que nos conduzem a Deus. Para Ducho, o purgatório, que o homem quase sempre construiu, poderia ser transformado em céu, se o estado geral das consciências fosse melhor, se houvesse menos ambição, menos pressa, esse eterno jogo em busca do poder e da riqueza. Cada criatura deve legislar o próprio bem com a busca do equilíbrio, da tolerância, confiando na sabedoria divina, cuidando de não se ferir e não ofender os companheiros de romagem da vida. A felicidade pode ser encontrada, e ele sempre a encontrou. Afinal se não fosse assim, como teria estado diante dos seus milhares de amigos?... Vivendo os bons noventa anos, saúde perfeita, prática diária de longas caminhadas, Ducho, comerciante e artista, intelectual e exemplo de companheirismo, foi o melhor exemplo de companheirismo, o melhor exemplo vivo da soberania e da sóbria distinção do sertanejo dos Montes Claros. Um maravilhoso exemplo, que a própria vida agradece e aplaude! Institutos Históricos e Geográficos de Minas Gerais e de Montes Claros

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