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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Um barão de verdade Manoel Hygino - Hoje em Dia O jornalista Alberto Sena, de volta às raízes em Grão Mogol, como fez o sociólogo e empresário Lúcio Bemquerer, reacende luzes sobre o passado, contando com a rara memória de Geraldo Ramos Fróis, aos 77 anos. Lembrou-se uma personagem pouco reverenciada em nossa história: Gualtér, filho de Caetano Martins Pereira, proprietário da fazenda Santo Antônio, onde viveu 50 anos e cujo nome foi mudado para Cafezal. Gualtér Martins Pereira era um homem bom, possuía mais de cem escravos e, abolicionista, libertou todos eles três meses antes da Lei Áurea. Juiz de direito de Rio Pardo de Minas, no Jequitinhonha, anulou a sentença de um homem condenado à morte e mandou-o a novo julgamento. Entrou em acordo com seus cativos, para que calçassem a trilha de 15 quilômetros entre a casa na roça e a cidade. Dos diamantes encontrados no itinerário, 30% seriam dele e 70% deles. Fazia aquele trajeto a pé ou a cavalo, não usando liteira. O prédio da fazenda não existe mais, como tampouco arraigadas recomendações daqueles tempos heroicos. Três escravos fugiram, reaparecendo três meses depois. Gualtér os advertiu: “Vocês já estão castigados por terem voltado e se humilhado”. Mandou construir um prédio (hoje Casa de Cultura), todo em pedras, para servir de hospital para o irmão que estudava medicina e onde clinicaria após colação de grau. Determinou que funcionaria como Santa Casa sob condição de que, quem não tivesse dinheiro, receberia tratamento gratuito. Coronel da Guarda Nacional, organizou o 7º Batalhão de Voluntários da Pátria, em 1865, para ir à Guerra do Paraguai. No contingente, achavam-se quatro de seus irmãos, além de parentes e escravos, do Cafezal e de Lençóis, na Bahia. Recrutou 200 homens, fardou-os e armou-os a suas próprias expensas. Prometeu liberdade a todos os escravos-soldados que voltassem vivos da frente de guerra. Sua atitude despertou atenção de Pedro II, que lhe concedeu o título de barão de Grão Mogol. O súdito foi ao soberano para agradecimento, dizendo-lhe não fazer jus à distinção por ter ideias republicanas. O imperador contestou-o: “Não agracio um homem de ideias republicanas, mas um grande brasileiro”. O escritor Mário Martins de Freitas, em livro não publicado em vida, julga que o varão ainda não merecera “na história da pátria a devida láurea pelos serviços prestados ao Brasil, a não ser o nome de serra do Barão do Grão Mogol ou do Itacarambiruçu. O memorialista Gerado Ramos Fróis não esquece: o barão gozava de alto conceito na corte, não fez curso superior, era destemido, teve 78 filhos, a maior parte deles com escravas. Era homem bondoso, constando que não castigava os escravos. Pediu até que fosse sepultado no mesmo cemitério deles. No entanto, faleceu no Rio Claro (SP), onde se encontrava em propriedade da família. O corpo foi levado do canavial paulista em que jazia pra Grão Mogol, sua terra natal, como sempre desejara. O traslado do corpo foi uma verdadeira aventura.

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