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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 18 de novembro de 2024
 

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Mensagem: NÃO VEJO NOVELAS - Não vejo novelas por que não me convém, como penso que não convém a ninguém. Como vivemos em uma democracia, onde vence a vontade da maioria, muitos assistem. Neste tema, como sou minoria em minha própria casa, no chamado “horário nobre” a televisão está sintonizada no que há de mais contrário à denominação deste intervalo de tempo. Nobre? O que há de nobre nas novelas? Nobreza maior que a família, na minha opinião, não há. O que pregam as novelas? Tudo aquilo que é frontalmente contrário aos princípios familiares, base de uma sociedade equilibrada. A malandragem, a infidelidade conjugal, a trapaça e todo tipo de desonestidade são as principais características dos personagens. Embora não assista, de tão pobre o enredo e a criatividade, conheço o cerne de todas, que são sempre iguais. Em todas existe uma família rica, desordenada e desestrutura, na qual os seus membros, na disputa pela riqueza e poder, negligenciam as virtudes que se sobrepõe a todos os princípios cristãos e humanos. Em outro núcleo composto por pessoas sem posses, se destacam personagens que fazem da ascensão financeira uma obsessão, cujo objetivo deve ser alcançado a qualquer preço. Não raro a nora abandona o marido para fugir com o sogro. A moça recentemente saída da adolescência, enamora com um homem mais maduro, que ao final da trama descobre ser seu pai. Sempre, invariavelmente, o tema “exame de DNA” é citado em todos os capítulos de todas as novelas, como se as pessoas se reproduzissem aleatoriamente, sem eira nem beira. A sexualidade é totalmente banalizada, transfigurada e violentada. Aquilo que deveria ser a manifestação divina do amor, passa a ser incentivado de forma irresponsável, irracional e animal. A concupiscência passa a ser palavra de ordem. Quem não tiver o desejo intenso por prazeres materiais e sexuais, na visão dos autores de novelas, são classificados como infelizes, desatualizados e fora do mundo moderno. Para completar a minha indignação, algumas vezes Montes Claros e o Norte de Minas foram inseridos em cenas de novelas, de formas bem pejorativas. Em uma dessas, da qual nem me lembro o nome e muito menos o autor, um personagem à procura de meios para retornar à sua cidade, usa o telefone público para ligar para a família e diz: “Estou numa cidadezinha de Minas, perto de Bocaiúva, chamada Montes Claros. Em seguida aparece uma imagem de uma construção tosca com a inscrição “Rodoviária” na testeira e o personagem embarcando em uma velho corcel da década de 70, caindo aos pedaços. Parece-me que esta semana fomos novamente inseridos no contexto. Tomei conhecimento pelas diversas mídias, que um personagem disse “que iria voltar para Montes Claros, para comer pequi, farinha do Morro Alto, Carne de Sol e tomar suco de coquinho azedo”. Nada contra estas maravilhas de nossa culinária, mas Montes Claros, terra que amo e defendo, é muito mais que isto. Se o autor bem conhecesse nossa cidade, deveria, após enaltecer nossos comes e bebes, incluir na fala do ator: “Além de usufruir destas maravilhas, vou aproveitar do calor humano e do carinho do povo maravilhoso, voltar a estudar em uma das inúmeras faculdades de lá, ter a segurança de envelhecer em uma cidade que tem uma medicina avançada, ler os livros de Darcy Ribeiro e Cyro dos Anjos, curtir as festas de agosto, dançar catopê, ouvir Tino Gomes, a seresta de João Chaves e Beto Guedes, aprender a tocar violão no maravilhoso Conservatório de Música Lorenzo Fernandez, conhecer cidades próximas como Diamantina e Grão Mogol. Nada contra o pequi. Muito menos contra a carne de sol. Mas nossa querida Montes Claros é muito mais que isto. Aliás hoje é sábado, um ótimo dia para um belo arroz com pequi, com farinha do Morro Alto, carne de sol, cachaça de Salinas, doce de marmelo de São João do Paraíso e suco de coquinho azedo. Mas Montes Claros é muito mais. O Norte de Minas é muito mais.

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