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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 18 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Ilusão As maiores venturas deste mundo são como as nuvens que passam informes e não se fixam em ponto algum; apenas criam sombras passageiras que amainam as vicissi¬tudes da vida. Por sobre as nuvens, o espaço infinito, limitado, que sufoca o homem em sua insignificante pequenez. Há momentos que sentimos que o sopro da vida se esvai na indefinição de um sentido. Em um desses momentos, comecei a caminhar sozinho pelas ruas, em Montes Claros, sem ver ninguém. No meu indefinido panteísmo, buscava uma liberdade individual, uma muda serenidade estoica, sentindo-me isolado no espantoso universo de pessoas ao meu redor. Em situações de depressão psicológica, em todos os países, em todos os povos, em todos os tempos, em todas as crenças, o ser humano pode ser levado, por um ato irracional voluntário, a adiantar o inevitável. O que teria levado Hermingway, Virgínia Woolf e Pedro Nava a an¬teciparem, por ato próprio, o fim de suas tão profícuas existências terrenas? O sábio Confúcio, depois de ter exercido os mais elevados cargos e as mais importantes funções como de professor, primeiro magistrado de Chumg-Tu, entre outros, já passando da primavera da vida, foi obrigado a empunhar o cajado do viandante. Isolado dentro de si, converteu-se em um intelectual. Solitário e desiludido teve, todavia, o amparo de um único neto junto ao seu leito de morte. Tenho sentido-me isolado em todos os lugares, e apenas me realizo assentado em frente ao meu computador, onde somente vejo a mim mesmo. Embora seja pai de onze filhos, avô de vinte e oito netos e bisavô de sete bisnetos, sou um homem só. Só dentro do meu individualismo por não encontrar, nem através de supostas ilusões, uma razão objetiva para a minha angústia interior. A sombra da vida se esvai quando se perde, sem entender por que, alguma coisa que se ama. Não se ama só uma pessoa; podemos amar muitas, mas cada uma tem sua individualidade. O objeto do amor é indefinido, mas está presente em cada uma das pessoas, com maior ou menor intensidade, e quando se perde algo se esvai. Abre-se um vazio sem possibilidades de preenchimento. E a vida perde o seu sentido maior. Perdi minha mãe, aos noventa e cinco anos, em 2004, perda esperada e inexorável. Não doeu tanto. Ela descansou com dignidade. Esta perda não afetou muito o meu já molestado interior. Pessoas há que se sustentam no anteparo de seu egoísmo, sobre a preferência de seus supostos direitos, que se sobrepõem aos de seus semelhantes. A dúvida quanto ao certo e ao errado, dentro do meu ceticismo, transforma-se na única atitude coerente, que ainda sustenta os próprios objetivos da vida, dentro de um invólucro de consideração e de reserva. Gostaria de possuir uma inteligência superior para colocar-me acima e alheio a tantos males.

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