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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 18 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Jacaraci no passado José Prates Ás vezes, mesmo independente da vontade, alguma coisa surge na lembrança, nos conduzindo de volta ao passado distante. Agora mesmo, sem qualquer motivo, minha terra natal, Jacaraci, lá no velho e sofrido sertão baiano, acordou-me fazendo me lembrar dos meus sete ou oito anos de idade naquela pequena cidade berço de famílias ilustres como a família David composta por nomes importantes como Mozart que durante anos e anos governou o lugar levando-o de vila a cidade. Parte de minha infância foi vivida ali, gozando as delicias de um lugar poético onde todo mundo conhecia todo mundo que não dispensava a saudação mutua ao se cruzarem na rua. Coisa de lugar pequeno? Não. Coisa de amizade e consideração ao amigo, hoje ignorada ou desconhecida em muitos lugares que dizem civilizados. Eram três ruas. Rua do Fogo, Rua do Meio e Rua de Baixo. Acima da Rua do Fogo, numa ruela chamada de rua das pedras, moravam as poucas mulheres, ditas de “vida livre”, afastadas da sociedade como pecadoras públicas. . Na rua de baixo, onde moravam Tia Candida, Tio Antonio Julio, “seu” Athanasio, tinha o beco de Titone que dava aceso ao riozinho de águas límpidas que nascia na serra geral e cortava a cidade de lada a lado. Do outro lado do rio, numa pequena elevação, tinha a “bica” correndo água que era apanhada em latas de 20 litros, geralmente latas de querosene, vazias, carregadas na cabeça, por mulheres queram chamadas de “b otadeiras dagua”para abastecer as casas. Eram as “botadeiras” d´agua, mulheres pagas por moradores para abastecerem sua casas. Era um trabalho remunerado, uma espécie de profissão. Começava cedo o vai e vem dessas botadeiras dagua, de lata cheia na cabeça, cantarolando, subia o beco de Titone, sempre alegres, sem sentirem o peso da lata na cabeça. Os tempos eram outros, muito diferente do hoje em que vivemos. Naquele tempo, numa cidade como Jacaraci, os habitantes comportavam-se como em família. As dificuldades de vida eram suportadas com fidalguia porque existia a colaboração mutua espontânea num clima de fraternidade o que agora, na vida tumultuada dos grandes centros, não existe. A maioria da população procura resolver os seus problemas de modo próprio, com recursos próprios. O sentimento de fraternidade está desaparecendo corroído pelos interesses próprios ou de grupos que fazem desaparecer o interesse na ajuda ao próximo. O homem de hoje ao passo que se avolumam os problemas financeiros envoltos em grandes negócios, o sentimento de fraternidade, o amor ao próximo vão diminuindo, ofuscados pela riqueza material, pelo poder do dinheiro. O homem isola-se nos seus negócios, vivendo para eles e a família, exclusivamente. Salvo algumas exceções.

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