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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 18 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Vinte e um A verdade é que Toninho, para viver, dispensou o seu próprio medo. O corpo tornou-se desnecessário. Para viver, ele dispensou a sua imagem, a sua escultura, o seu comportamento. Ele foi efetivamente o homem público número um desta cidade. Foi o autêntico mineiro. Ninguém o excedeu e jamais o excederá. (Francelino Pereira) Aos vinte e um dias do mês de Abril, de 1918 nascia Antônio Lafetá Rebello. O número 21 emblemático na sua vida. 2121 seria a placa do inesquecível corcel marrom, velhinho, que o acompanharia por toda a vida e seria seu único carro de trabalho, e com o qual se dirigia todos os dias à prefeitura, durante sua gestão como prefeito. Jamais utilizou um veículo público para si, nem permitiu que qualquer colaborador utilizasse de qualquer regalia política em benefício pessoal. Essa atitude não significava intenção de voto nem qualquer pendor populista, ao contrário, ele foi uma das pessoas mais sinceras que conheci. Era a atitude de um homem íntegro e de um político raro, que sabia distinguir com severidade a fronteira da coisa pública e da esfera privada. Falava o que pensava, não se importando com as consequências de suas palavras; nunca quis ser simpático, embora fosse muito brincalhão e espirituoso. Era avesso a adulações e honrarias. Na verdade, nunca se sentiu bem em ambientes sofisticados e excessivamente formais; envergava terno e gravata, em ocasiões muito raras, apenas pela força do cargo. Vestia camisas alvas, imaculadas, como lembrou Paulinho Narciso em bela crônica, alvas como sua consciência e sua retidão e, certamente, testemunhas do desvelo de sua esposa, Marcolina, sua sempre companheira. Cercava-se de amigos de todos os lugares e origens, partilhava da intimidade do governador Francelino Pereira, de quem era grande amigo, e de centenas de amigos anônimos, desvalidos alguns, a quem secretamente ajudava e os quais a família só veio a conhecer no dia de seu velório. Muita gente compareceu para despedir-se daquele que a ajudara, sem fazer disso estardalhaço ou bandeira política. Discretíssimo, ele preferia, nas horas vagas, refugiar-se na fazenda Santa Clara, junto com sua mulher e filhos. Lá, sentava-se à varanda, ao final de mais um dia de trabalho, para ver o pôr-do-sol do sertão, sempre um belíssimo espetáculo de cor. Então, era possível ver passar o gado frente à cerca, em seu lento caminhar, levando o ferro 21, que era o seu. Enquanto esteve à frente da prefeitura, conduzindo a gestão municipal, afastou-se de suas atividades particulares, delegando ao filho mais velho, Jayme Rebello Neto, a gerência de seus negócios. Dedicou-se integralmente à causa pública e sequer pegou para si um único mês de seu salário como prefeito. No final da vida, estando um dia em sua casa, conversando com seus filhos e talvez pressentindo que o fim chegava, disse-lhes que, se não tivesse trabalhado tanto por Montes Claros, poderia ter deixado a eles uma fortuna considerável. Todos nós sabemos que seus filhos herdaram muito, em se falando de bens materiais, pois Toninho Rebello foi trabalhador incansável, destacando-se em vários empreendimentos em Montes Claros. Assim como seu pai, foi destemido, arrojado e inteligente nos negócios. Naquele dia, todos os seus filhos o contradisseram, dizendo que ele escolhera o único caminho que lhe fora possível escolher. Às vezes, um homem não pode se furtar ao chamado da vida. O número 21, que ele escolheu como marca, resguarda vários significados, segundo a numerologia: destaca uma pessoa de forte personalidade, um líder nato, dotada de muita autoconfiança, por isso, fadada a ter sucesso em tudo o que faz. Esse também é o número que indica coragem, independência nas ações e pioneirismo. Uma intuição ou uma dose de teimosia fez com que ele adotasse o 21 como o referente numérico de si. Aliás, todos os livros que possuía estavam marcados na página 21. Na lei brasileira, 21 assinala a maioridade penal - época em que o homem se torna plenamente responsável por seus atos. Essa mistura de carisma, coragem e independência constituía o homem singular que foi Antônio Lafetá Rebello. Os seus filhos sempre souberam, além de tudo que a maior herança de um homem não é constituída de bens móveis ou imóveis. O verdadeiro e maior legado de um homem é seu patrimônio moral. (Extraído do livro ´Toninho Rebello, o Homem e o Político´, de Ivana Rebello e Jorge Silveira, a ser lançado na noite de 25 de fevereiro, no Parque de Exposições, em M. Claros)

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