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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 18 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Televisão: um sonho de Toninho Mesmo antes de ser prefeito, Toninho Rebello tinha a ideia fixa de trazer o sinal de televisão para Montes Claros, onde muita gente já tinha o aparelho, mas via mais chuviscos do que imagem. Lembro-me que recém-casado, em 1965, eu ia muito à casa de minha sogra, para assistir o programa da ´Jovem Guarda´, comandado pelo Roberto Carlos, que no ano anterior tinha vindo à cidade para um show no Clube Montes Claros, numa promoção do colunista Márcio Figueiredo, meu amigo e colega de jornal. Eleito prefeito, em 1966, Toninho não mediu esforços, junto com Edes Barbosa, para viabilizar um sinal pelo menos sofrível para os telespectadores montes-clarenses. Por várias vezes, Toninho viajou pessoalmente com técnicos da TV Itacolomi (Edes à tiracolo) tentando descobrir os locais mais adequados para instalar repetidoras que trouxessem uma imagem de qualidade para Montes Claros. Certa vez, viajei com ele até as proximidades de Gouveia, onde fora instalada uma torre repetidora. Foi uma viagem cansativa, por estradas esburacadas e poeirentas. Toninho tinha posto na cabeça - e quando ele botava algo na cabeça ninguém tirava - que a população de Montes Claros iria assistir a Copa de 1970 pela televisão com imagem de primeira. Não foi fácil - Edes Barbosa que o diga - pois naquela época, manter os links em condições satisfatórias não era tarefa das mais agradáveis. As torres repetidoras (e eram varias) ficavam localizadas geralmente nos picos dos morros mais altos. Chegar até elas era um sacrifício extremamente cansativo. Quando chovia, era quase inviável. Mas Toninho conseguiu: o montes-clarense pôde acompanhar os jogos da seleção brasileira no México pela televisão, com uma imagem de alto nível. Naquela época, não era todo mundo que tinha o aparelho, que custava o olho da cara. As casas que possuíam o aparelho ficavam lotadas nos dias de jogos, com amigos e vizinhos se acomodando como fosse possível para acompanhar Pelé, Tostão, Gérson, Rivelino e Cia. Eu mesmo assisti aos jogos na casa do meu vizinho Clemente Santos, lá na rua Irmã Beata, onde morei durante algum tempo. Clemente dos Correios, como era mais conhecido, era um aficionado do futebol, técnico do juvenil do Ateneu. O Brasil conquistou o tri no México e Montes Claros pôde vibrar com o título graças à garra de Toninho Rebello e de Edes Barbosa. Foi uma vitória quase pessoal de Toninho, ainda que ele achasse que era obrigação da prefeitura custear o link que trazia a imagem até os lares dos montes-clarenses. Há outra história que mostra como Toninho era mesmo meio fanatizado com televisão. Já no final de seu segundo mandato, juntou-se com Elias Siufi, Geraldo Borges, Raimundo Tourinho, José Correa Machado e João Bosco Martins, formou uma sociedade e juntos criaram a TV Montes Claros, que foi ao ar pela primeira vez em 1980 (me socorre Elias, se a data é esta mesmo) e por muito tempo seria uma glória para a cidade. Nenhum deles pretendia ganhar dinheiro com o empreendimento mas apenas realizar um sonho. Elias dirigiu a TV Montes Claros com incrível competência, primeiro como afiliada da Bandeirantes, depois da Globo. Tive o prazer de trabalhar com ele por mais de cinco anos,de 1989 a 1994. Tenho grande admiração por Elias, a quem até hoje chamo de ´chefe´. Este é outro cara a quem Montes Claros deve muito. Mato grossense, de Campo Grande, mudou-se para a cidade na década de 1960, para comandar a ZYD-7, e daqui nunca mais saiu. Adotou e foi adotado por Montes Claros. Mas não tenham dúvidas: não fosse Toninho, não teria havido TV Montes Claros. Foi ele, junto com Elias, que embalando o sonho de dar à cidade um canal próprio de televisão, juntou o capital necessário para o investimento, que não era pequeno. Não sei, posso estar errado, mas penso que se Toninho não tivesse morrido, Elias não teria vendido a TV Montes Claros. De qualquer forma, se a cidade chegou um dia a ter um canal próprio de televisão, de um grupo de empreendedores locais - ou seriam sonhadores locais - isto só foi possível pela capacidade visionária de Toninho e de Elias, que acreditaram no sonho e correram atrás. Mas como tem sido ressaltado aqui por diversas vezes, esta era uma das qualidades mais presentes em Toninho Rebello: a persistência com que perseguia os sonhos, especialmente se de alguma forma isto viesse a beneficiar a cidade que ele tanto amava. Infelizmente, depois que deixou a prefeitura, Toninho sofreu muito vendo os projetos que deixara prontos sendo relegados a segundo plano (ou mesmo engavetados) pelos prefeitos que vieram depois. Várias vezes, bebendo um gole comigo, no restaurante Quintal, do Waltinho, Toninho me confessou que ficava triste por ver que muita coisa boa que projetara para a cidade não seria executada. Tomando sua pinguinha com coca-cola, mistura que ele mais gostava, prognosticava, sem mágoa, mas ressentido: ´ao abandonar o projeto viário que deixamos pronto, os prefeitos estão condenando a cidade a conviver com um trânsito impossível num futuro próximo´. Ele estava coberto de razão. (Extraído do livro ´Toninho Rebello, o Homem e o Político´, de Ivana Rebello e Jorge Silveira, a ser lançado na noite de hoje, 25 de fevereiro, no Parque de Exposições, em M. Claros)

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