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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 18 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Geralmente, os prefeitos quando assumem não têm um programa de obras para ser realizado de imediato. Durante a campanha política, promete-se um pouco de tudo nas áreas de educação, saúde, saneamento, infra-estrutura, cultura e lazer. Mas se alguém apertar o candidato e quiser saber o que ele vai fazer especificamente, por exemplo, na área de educação, no mínimo ele vai desconversar e não responderá, pois não sabe mesmo o que fará. A situação se repete nas outras áreas: não há por parte de nenhum candidato um planejamento a ser seguido caso vença as eleições. É aquela história de que a teoria é uma e a prática é outra. No caso do político-candidato só existe a teoria, ou melhor, promessas que provavelmente não serão cumpridas. Ou cumpridas apenas em parte, quase sempre em partes muito pequenas. Toninho Rebello, quando eleito da primeira vez, em 1966 - tomou posse em 1967 - como era candidato único, não precisou prometer nada. Em compensação, aproveitou o tempo para preparar um programa de governo, definindo praticamente tudo o que iria fazer. Por exemplo: ele sabia que iria derrubar o velho mercado da Praça Dr. Carlos e construir dois, um na confluência das ruas Cel. Joaquim Costa e Belo Horizonte e outro na rua Melo Viana. Sabia que iria implantar rede de esgoto em toda a área central, inclusive já tinha acertado tudo com o DNOCs mesmo antes de assumir. Já tinha entendimentos também com Milton Prates para a doação do terreno onde construiria o Parque Municipal. Mas sua grande meta era acabar com poeira, asfaltando todas as ruas que não tivessem pavimentação. Montes Claros, naquela época, era conhecida como ´terra da poeira, das muriçocas e das mulheres de vida fácil´. Como não era nenhum alienado, Toninho sabia muito que não seria possível assumir num dia e começar tudo que tinha programado no dia seguinte. Conhecia a situação precária da prefeitura, onde os funcionários não recebiam salários há três meses. Por isso, elaborou uma programação básica para os primeiros 100 dias: limpar a cidade, acertar a situação financeira da prefeitura, pagando os salários atrasados;iniciar o projeto de esgotamento na área central, através do DNOCS; organizar os projetos de leis a serem submetidos à Câmara de Vereadores e que permitiriam a execução das obras previstas, como por exemplo, a criação da ´contribuição de melhoria´, lei que possibilitaria cobrar o asfaltamento dos contribuintes beneficiados. Para não ter problema com os vereadores, já que tinha necessidade de aprovar com certa urgência vários projetos importantes, Toninho radicalizou: escolheu como seu líder no Legislativo exatamente o líder da oposição, o vereador Pedro Narciso, eleito pelo MDB, partido que pela lógica deveria ser oposição ao prefeito da Arena. O regime militar, fazia pouco, tinha extinto os velhos partidos e criado o bipartidarismo, apenas com Arena e MDB. Fato raro que provavelmente nunca tinha acontecido na política brasileira e nunca mais viria a tempos futuros: o MDB, com quatro vereadores -além de Pedro Narciso, tinha José da Conceição, Aroldo Tourinho e José Messias Machado - apoiar o prefeito da Arena durante os quatro anos de mandato. Era uma posição meio esdrúxula: os emedebistas atacavam o governo federal da Arena,mas apoiavam o prefeito arenista. E nem tinham como ficar contra um prefeito que em quatro anos transformaria a cidade em um verdadeiro canteiro de obras. Muitas vezes Pedro Narciso confessou: ´ se ficarmos contra Toninho, o MDB acaba na próxima eleição´. Não acabou não, mas perdeu a eleição com o arquiteto João Carlos Sobreira. E, na Câmara Municipal, encolheu para apenas três vereadores. Pedro Narciso e José da Conceição se projetariam muito na política municipal - ambos foram deputados à Assembléia Legislativa (Conceição foi também federal) e secretários de estado - sinal de que o apoio ao prefeito da Arena não prejudicou suas carreiras. Ao contrário, parece ter feito muito bem. Narciso até que chegou a ter dificuldades para se reeleger vereador em 1970 e aí se deu outro fato inacreditável para os preceitos da política brasileira: Toninho Rebello, da Arena, apoiou Pedro Narciso, do MDB, chegando a publicar anúncio nos jornais da cidade pedindo votos para o seu ex-líder. Toninho não conseguiu eleger seu sucessor na prefeitura, mas ajudou Narciso a se reeleger. Coisas que só aconteciam mesmo com Toninho, que não via a política de uma forma passional como geralmente é vista por quase todos os políticos. Para Toninho, a amizade e a consideração precediam à política. Mas como a política mais parece uma roda que dá voltas, nas eleições de 1976, quando Toninho Rebello foi novamente candidato, lá estavam Pedro Narciso e José da Conceição, mas desta vez como adversários. Aquela foi uma eleição onde o povo de Montes Claros prestou sua homenagem à grande administração que Toninho fizera anteriormente. Disputando contra cinco adversários, dois da Arena (Pedro Santos e Hamilton Lopes) e três do MDB (Pedro Narciso, José da Conceição e Aroldo Tourinho), Toninho teve mais votos do que a soma dos outros cinco. O mais importante: derrotou o mito Pedro Santos, que perdia uma eleição pela primeira vez. Toninho Rebello retribuiria ao povo de Montes Claros a grande votação que tivera: sua segunda administração, desta vez seis anos (o governo militar estendera os mandatos por mais dois anos), seria ainda melhor do que a primeira. Foi quando implantou suas duas maiores obras, a Avenida Deputado Esteves Rodrigues (a Sanitária), mudando completamente o aspecto urbanístico e de saneamento da cidade, e a Rodoviária, até hoje uma das melhores do estado. Mas, mais uma vez voltou a mostrar que a política não era sua seara: apesar da revolucionária administração, não conseguiu emplacar seu sucessor em 1982. O médico Crisantino Borém, seu vice-prefeito e seu candidato à sucessão, foi derrotado pelo vereador Luiz Tadeu Leite, do PMDB. Crisantino foi triturado pelo voto vinculado e pela avalanche Tancredo (assuntos de outra crônica). (Extraído do livro ´Toninho Rebello, o Homem e o Político´, de Ivana Rebello e Jorge Silveira, lançado em Montes Claros na noite de 25 de fevereiro)

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