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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 18 de novembro de 2024
 

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Mensagem: SIMPLESMENTE TERESA... Na véspera do Dia Internacional da Mulher, uma grande mulher foi chamada por Deus. Seu nome era Teresa. Teresa de quê? Não importa. Vocês não a conheciam, isto é, quem tem internet e computador, provavelmente, jamais ouviu falar dela. Era uma criatura anônima, menos para os que a queriam bem. Uma criatura extraordinária! Amada por minha família e por todos de seu bairro, que a conheciam por Dona Xinó. Criou sozinha quatro filhos e fez deles homens honrados e decentes. Ganhando apenas um salário mínimo sustentou-os e à sua casa. Sempre disponível para todos que dela precisassem. À sua mesa havia uma fartura como se tivesse o poder de multiplicar o pão, não só para os seus, mas para todos os necessitados que a ela recorriam. Sempre no dia 12 de Outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, de quem ela era devota, e, também, dia das Crianças, fazia paneladas de comida e as distribuía para todas a criançada do bairro, dando a cada uma alguma pequena lembrança Era uma verdadeira festa no imenso terreno de sua casa. Antes, porém, do lauto almoço, havia o terço e a ladainha, louvando Nossa Senhora, cuja imagem ela tinha num pequeno altar ao lado da entrada da casa. Humilde, generosa, amorosa, seguia fielmente o exemplo do Mestre Jesus. Lutou toda a vida contra a doença de Chagas, que afetou seu coração. Contra todas as previsões médicas, ela viveu quase sessenta e cinco anos. A doença jamais a impediu de trabalhar duramente. Mantinha, no fundo de seu quintal, uma plantação de milho e feijão da qual ela mesma cuidava. Pegava na enxada, sem medo, mesmo tendo os médicos proibido-a de qualquer trabalho que demandasse esforço, pois seu coração estava cada vez mais fraco. Quantas vezes eu a peguei trabalhando e a repreendi. Ela respondia: “Se eu parar de trabalhar, eu morro, Dona Luiza”. Por fim, o assassinato de um filho, por um neto seu envolvido com drogas, foi dor demais para seu fraco coração e ela se deixou tomar pela tristeza, complicando a situação de saúde, vivendo mais internada do que no próprio lar. Desde então, nunca mais houve na sua casa a famosa festa de Nossa Senhora Aparecida. Da última vez que fui passar com ela esta data, rezamos apenas o terço e a ladainha. Era analfabeta, mas, quando abria a boca, parecia inspirada, pois falava da Bíblia, de Jesus e dos valores que deveriam nortear nossas vidas, com um incrível conhecimento e sabedoria. Para nos consolar e confortar nos momentos difíceis era única, com tamanha tranqüilidade, como se ela mesma não conhecesse o sofrimento. Trabalhou para meus pais durante anos e, ao aposentar por invalidez, meu pai lhe deu um terreno com um pequeno barracão, que ela foi aumentando com o decorrer dos anos e o tamanho da família. Aos poucos, como uma antiga família chinesa, os filhos e os netos foram se agregando em torno dela, que era uma verdadeira “matriarca” da família, distribuindo as tarefas por filhos e noras e passando a ser a conselheira de todos. Curava seus filhos, netos e vizinhos com seus chás e suas orações. Uma mulher realmente especial! Venerava meus pais, principalmente papai. Estranhando aquele sentimento de tão profundo amor e respeito, resolvi perguntar-lhe, um dia, o motivo disso e ela me contou uma bela e comovente história a respeito de como se conheceram, a situação em que vivia e a gratidão que sentia, acima de tudo, por ele. Mais um motivo para eu admirá-la, pois a gratidão, penso, é um dos mais nobres sentimentos do ser humano. O mundo não tomou conhecimento de sua existência, mas deixou rastros profundos na vida de muitos, inclusive na minha. Hoje, deve repousar no Seio do Pai, pois, com certeza, foi uma das melhores criaturas que conheci em toda minha vida. Maria Luiza Silveira Teles

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