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Mensagem: À procura do tempo perdido e da paz! Yvonne Silveira Eis-me de novo, após trinta anos, no Santuário Bom Jesus do Matozinho. Estou aos pés da imagem que a fé traz presente o próprio filho de Deus, para receber os pedidos de graças dos conceicionenses e de milhares de romeiros, que ocorrem ao Jubileu, esperando até milagres. Lágrimas correndo pela face cansada e envelhecida. Também eu suplicava: Dai-me paz, Bom Jesus. Dai-me aceitação desta passagem difícil de minha vida - longa vida que me destes, pois me curastes da enfermidade que os três médicos da antiga Montes Claros decretaram incurável. Primeira filha, com um ano de idade, meu pai, farmacêutico, já em desespero, recorreu a vós, recebendo logo a intuição: uma colher de água de meia em meia hora, até pararem os vômitos. E salvou-me, graças a vossa misericórdia. Anos depois, cumpri a promessa de visitar-vos e agradecer. E, agora,aqui estou, novamente, pedindo a saúde da alma doente, pela perda do companheiro de minha vida há oitenta anos. E repetia: salvai-me, Jesus, salvai-me... Contrita, mãos postas... e a graça fluindo, pelo poder da oração. A paz de Cristo, milagrosa paz, deu-me alento para aceitar a dor da pior perda, na sucessão de tantos anos. Era noite. No adro do santuário, romeiros e mais romeiros, até pelos inúmeros degraus do Alto do Matozinho - nome dado à colina desde o início do Jubileu, há mais de duzentos anos, oravam, suplicantes. Depois da celebração eucarística, descemos de carro pela rampa, eu, os irmãos Nilza e Wilson, o sobrinho Wallenstein e a prima Zaia, que ali estavam pela primeira vez. Centenas de barracas de venda de alimentos, bebidas, até o desnecessário, contornavam a colina, espalham-se pelas ruas e a tranquila e histórica Conceição do Mato Dentro que, por dez dias, agita-se, regorgita-se como grande centro comercial e turístico com inúmeros ônibus e carros pelas ruas. Encontrada a paz, na manhã seguinte saímos à la recheche du temps perdu, visitando a prima Tonica e Santiago, únicos parentes ainda ligados ao passado, pela convivência com nossos pais e tios, todos levados para o outro lado do mistério da criação. E fomos puxados a fio, ou passando o filme da memória. Os Utsh-Hermam, a mulher e três filhos vindos da Alemanha, para trabalharem na fábrica de fundição de ferro, do Intendente Câmara, no Morro do Pilar. O filho John Utsh, apaixonando-se por Maria Tereza, da aristocrática família Costa Sena, e impedido de casar por ser operário, o que não impediu de terem seis filhos, entre eles nosso avô Bernardino, casado com Guilhermina Ferreira Aguiar. Foram lembrados os filhos, Niquinho, nosso pai, e tia Cocota, de batismo Antônio e Maria, tio Dudu, Bernadino Júnior, pai de Zaia e tio Adalberto, pai de Laudelino, Lalá - o Frei Henrique, vigário da paróquia do Bom Jesus do Matozinho, por muitos anos.
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