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Mensagem: Boas ideias que foram sepultadas Nos dias atuais, os governos estaduais e municipais pensam e alguns até já executam a implantação de Centros Administrativos. Em Minas Gerais, o então governador Aécio Neves construiu em Belo Horizonte, perto de Confins, o Centro Administrativo do estado, local que reúne todas as secretarias e entidades públicas estaduais. A intenção é facilitar à população o acesso aos órgãos públicos, já que o cidadão encontra tudo no mesmo local, diminuindo inclusive os custos para a solução de qualquer problema junto ao estado. Esta idéia já fazia parte, há mais de 30 anos, da programação do ex-prefeito Antônio Lafetá Rebello, que pensava em aglutinar no mesmo local não apenas os órgãos municipais, mas também os federais e estaduais. Tanto que quando foi aprovado o projeto de loteamento do bairro Ibituruna, em sua gestão, a prefeitura exigiu dos proprietários a doação de uma quadra inteira para o município, para que a área fosse destinada à implantação do Centro Administrativo. O local era privilegiado, muito próximo do centro da cidade e de diversos bairros, o que facilitaria o acesso à população. Infelizmente, os administradores que vieram depois não souberam aproveitar da forma planejada o terreno recebido em doação. Luiz Tadeu Leite, que assumiu logo após o segundo mandato de Toninho Rebello, construiu o prédio da prefeitura no entroncamento das Avenidas Deputado Esteves Rodrigues e Cula Mangabeira, desapropriando um terreno caríssimo, quando já existia a área para o Centro Administrativo no bairro Ibituruna. O próprio Tadeu e outros prefeitos subsequentes foram doando áreas destinadas ao Centro Administrativo para entidades que nada tinham a ver com o poder público, como o Rotary, a OAB, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais, a sub-seção da ABO, o Sindicato de Bares, Hotéis e Similares, etc. Desvirtuou-se completamente a ideia original de Toninho Rebello. Pouquíssimos órgãos públicos, entre eles a Policia Militar, a AMAMS (Associação dos Municípios da Área Mineira construíram ali suas sedes. Muito pouco para o que realmente se pretendia e quem acabou prejudicada foi a população. A ideia central de se ter no mesmo local todos os órgãos públicos, municipais, federais e estaduais, não se concretizou. Interesses políticos e eleitoreiros prevaleceram e o terreno foi fatiado de acordo com a conveniência dos prefeitos de plantão. Outra ideia avançada de Toninho Rebello e que não foi concretizada por seus sucessores foi a construção do Lago Sul. Quando prefeito, Toninho projetou dois grandes lagos, na entrada e na saída da cidade. Por que a construção dos lagos? Em primeiro lugar para evitar que áreas pantanosas fossem destinadas a loteamentos, o que sem dúvida viria causar sérios problemas futuros para a administração municipal. Em segundo lugar, para embelezamento e lazer. E finalmente para melhoria do clima árido da cidade. O lago Norte Toninho construiu em sua segunda gestão, através de convênio com o DNOCS. Não conseguiu concretizar a ideia de construir o lago Sul, mas deixou o projeto pronto para seus sucessores. Infelizmente, onde deveria ser hoje o lago Sul, na antiga Vargem Grande, local pantanoso nos períodos de chuva por causa do córrego Bicano, foi implantado o Bairro Canelas. Como estudos técnicos indicavam, é só chover um pouco mais e o bairro fica totalmente inundado, causando problema para o poder público municipal. Problemas que poderiam ter sido evitados se tivesse prevalecido a ideia inicial da construção do lago e não os interesses políticos que aprovaram o loteamento do Bairro Canelas. O custo para o município (e, consequentemente, para o contribuinte) será muito maior. Administrar para Toninho era pensar a curto, médio e longo prazos. Em um curso que fez na Alemanha, patrocinado pelo governo federal para 40 prefeitos de cidades de porte médio, ele potencializou este conceito. Muitas vezes ele dizia para seus assessores: ´não se pode administrar pensando apenas no hoje. Muitas vezes o amanhã é muito mais importante´. Este pensamento gerou o Plano Diretor, o Centro Administrativo, o lago Norte, o Programa Cidades de Porte Médio, projetos que teriam dado a Montes Claros a oportunidade de crescer com uma qualidade de vida muito melhor para seus cidadãos. O Plano Diretor, como se viu antes, foi derrubado no governo do prefeito Moacir Lopes, por pressão dos latifundiários urbanos. O terreno para a construção do Centro Administrativo, que o município ganhara de presente, foi fatiado por vários prefeitos para atender interesses eleitoreiros. O profeta do lago Sul foi engavetado (quem ganhou com isso?) e nunca saiu do papel. Em seu lugar, a cidade ganhou mais um bairro e mais problemas. O Programa Cidades de Porte Médio, parte do que não havia sido implantado por Toninho, foi quase que totalmente desmontado na primeira gestão de Tadeu Leite. Jairo Ataíde ainda aproveitaria parte dele, mais adiante, construindo a Avenida José Correa Machado, que fazia parte do sistema viário do programa. Depois de Toninho Rebello, nenhum prefeito teve um programa de obras curto, o médio e o longo prazos, até por sistemática falta de continuidade administrativa. Athos Avelino iniciou os projetos do Bicano e do Pai João originários do Programa Cidades de Porte Médio, importantes para o saneamento e o sistema viário da cidade. Ambos foram literalmente abandonados por Tadeu. Assim, a cidade pagou caro o preço da descontinuidade administrativa, de maus gestores que muitas vezes colocaram os interesses políticos e pessoais sempre em primeiro plano. À maioria deles faltou um mínimo de visão do futuro, exatamente o que sobrava em Toninho Rebello. Se Tadeu Leite, em seu primeiro mandato, tivesse dado continuidade ao Programa Cidades de Porte Médio, provavelmente Montes Claros hoje seria outra. Ele preferiu trocar o desenvolvimento planejado pela ´administração mutirão´,que muitos apelidaram depois de ´mentirão´. Como as boas idéias de Toninho e que viraram projetos foram sepultadas em grande parte por seus sucessores, quase sempre por motivos pouco ortodoxos, quem saiu perdendo, e muito, foi a cidade. Compare-se Montes Claros, urbanisticamente, com outras cidades do mesmo porte, e ter-se-á a dimensão exata de quanto se perdeu nos últimos anos com algumas administrações, na melhor das hipóteses, de eficiência duvidosa. Outras, completamente deficientes. (Extraído do livro ´Toninho Rebello, o Homem e o Político´, de Ivana Rebello e Jorge Silveira, lançado em Montes Claros na noite de 25 de fevereiro)
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