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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 19 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Uma produtiva viagem a Sertãozinho Não era apenas na administração pública que Toninho Rebello tinha idéias avançadas e projetos pioneiros. Como pecuarista e liderança rural, foi um dos primeiros a adotar a inseminação artificial em sua vacada, quando na região quase ninguém sabia o que era isso (até hoje sua filha Cristina mantém o projeto). Lembro-me bem de uma viagem que fizemos a Sertãozinho (SP), para conhecer a Central de Inseminação da Lagoa da Serra, no princípio da década de 1970, se não estou enganado. A viagem foi capitaneada pelo ruralista Dezinho Dias, grande figura com a qual sempre tive amistosa relação - até hoje, vez por outra nos falamos - e composta por fazendeiros de peso na época: João Carlos Moreira, Edilson Brandão, Djalma Versiani dos Santos, Júlio Gonçalves Pereira, Toninho Rebello, Oswaldo Souto, o veterinário Tanure (não me lembro o primeiro nome) e este jornalista, na época editor do Diário de Montes Claros. Fomos em duas Chevrolet Veraneio, uma dirigida por Dezinho Dias, a outra por Djalma Versiani. Hoje é fácil ir a Sertãozinho, via Ribeirão Preto, pela BR.365, que liga Montes Claros a Uberlândia. Vai-se fácil em um dia. No princípio da década de 70, ainda não existia a BR. 365, que estava em construção, no governo Rondon Pacheco. Assim, a viagem era longa, passando por Belo Horizonte e daí para frente não sei qual era o trajeto. Sei que passamos pela barragem de Furnas, que vi pela primeira vez. Por sinal não apenas eu não conhecia Furnas. Para todos os companheiros de viagem era a primeira vez. Então, ficamos por muitas horas apreciando a barragem. Sei que perdemos muito tempo e Ribeirão seguinte, onde nos hospedamos no Hotel Bradesco. Sertãozinho fica a pouco mais de 30 quilômetros de Ribeirão Preto. É uma cidade que mais parece um jardim - pelo menos era naquela época. Recordo-me bem que todos nós ficamos extasiados com a beleza da cidade (Toninho, como administrador público que era, mais do que todos). Passamos o dia inteiro na Central de Inseminação da Lagoa da Serra, conhecendo todo o processo de coleta de sêmen, os touros doadores, a sistemática de análise e preparação dos sêmens no laboratório, enfim, foi um aprendizado e tanto para quem estava se iniciando na prática da inseminação artificial. Depois visitamos uma fazenda para conhecer o processo de pastoreio conhecido como ´voisant´. Eram pastagens irrigadas, divididas em piquetes de dois hectares. Quando o gado comia num piquete os outros, irrigados, se recuperavam. Assim, o aproveitamento do capim era excepcional. E o gado ganhava mais de uma arroba de peso por mês. Para a época, era um processo avançadíssimo. João Carlos Moreira, Toninho e Djalma compraram muitas ampolas de sêmen, de diversos touros nelores. Os outros compraram menos, mas todos compraram. Alguns levaram sêmen de gado holandês leiteiro (se não me engano Júlio Pereira e Tanure). Hoje, no norte de Minas, a inseminação artificial é coisa rotineira, naqueles tempos era novidade, uma tecnologia completamente desconhecida. Então, esta viagem a Central de Inseminação da Lagoa da Serra abriu o caminho para a melhoria genética do rebanho regional. Foram aqueles pecuaristas, que participaram daquela viagem, os precursores da inseminação na região. Como sempre, Toninho foi um dos que lideraram este movimento de melhoria genética do rebanho regional. Por sinal, todos os que participaram da viagem eram cabeças que pensavam na frente. Enxergavam que o rebanho do norte de Minas em São Paulo, no Paraná e no novo eldorado da pecuária brasileira, o centro-oeste, formado por Goiás e Mato Grosso do Sul. A partir daquela viagem, da experiência recolhida, de tudo o que foi visto em questão de melhoria genética, iniciou-se na região um novo ciclo para o rebanho do norte de Minas, tanto no gado de corte como no leiteiro. Hoje, o gado produzido aqui não fica nada a dever aos de outras regiões. E a impressão digital de Toninho faz parte desse processo. Mas nem sempre a mente inovadora de Toninho colheu bons resultados. Uma de suas ideias que resultou num fracasso estrondoso foi o bombardeamento de nuvens para fazer chover. Ele era presidente da Rural e o norte de Minas passava por uma seca brava. Então, ele soube que no Ceará estava sendo feito uma experiência inédita para provocar chuvas de forma artificial, através do bombardeamento das nuvens por aviões previamente equipados para tal. O governo do Ceará criara até um órgão especial para cuidar do assunto, com recursos da Sudene. Alguns resultados positivos já estavam sendo colhidos, mas em caráter ainda muito experimental. Quando Toninho soube disso, se entusiasmou. Achou que ia resolver o problema da seca na região com os tais aviões da chuva. Encarregou seu ex-secretário e amigo Júlio Gonçalves Pereira como o gerente do projeto, com totais poderes para cuidar do assunto. Coitado do Júlio, arranjou um problemão e ainda acabou ganhando o apelido, nada sério, de ´Julinho pingo d`água´, pois apesar de todos os seus esforços - e não foram poucos - os tais aviões da chuva foram um fracasso total. Não fizeram chover nada, praticamente nada. Bombardearam nuvens à penca, mas chuva que é bom, de verdade, nada. Com muito esforço e muitas tentativas, o máximo que se conseguiu, algumas poucas vezes, foram miseráveis pingos. As nuvens existentes no período de estiagem na região não eram apropriadas para se transformarem em chuva. Mas ainda bem que todos os custos foram pagos pela Sudene e pelo governo do Estado, não custando nada à prefeitura ou mesmo à Rural. Infelizmente, o sonho de Toninho de diminuir os efeitos da seca na região, bombardeando nuvens, acabou se transformando num lindo (e fracassado) sonho de verão. Mas quem acabou mesmo pagando o pato foi Julinho, que nunca mais conseguiu se livrar do apelido! (Extraído do livro ´Toninho Rebello, o Homem e o Político´, de Ivana Rebello e Jorge Silveira, lançado em Montes Claros na noite de 25 de fevereiro)

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