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Mensagem: Toninho Rebello Uma das pessoas que mais marcaram minha vida foi Toninho Rebello. Passei a conviver com ele e a conhecê-lo bem a partir de 1966, quando de sua primeira passagem pela prefeitura. Ele como prefeito, eu como o repórter indiscreto, ainda jovem, à cata de manchetes e ´furos´ de primeira mão. E esta convivência, que durou e perdurou por 26 anos, foi para mim um aprendizado incomum e fértil. Com ele aprendi o caminho dos verdadeiros homens públicos, marcado pela retidão,competência, honestidade e humildade. Mas o traço mais marcante de Toninho era a bondade. Ele era um homem bom de coração, solidário, que desconhecia o ódio. Como prefeito, foi indiscutivelmente o melhor que Montes Claros já teve em toda a sua história. Administrou a cidade em duas gestões (67/70 e 77/82) e é difícil mensurar qual de sua administração foi melhor. Da primeira vez, deu a arrancada que transformaria Montes Claros na capital do norte de Minas. Construiu toda a rede de esgoto e águas pluviais no centro da cidade; asfaltou as ruas centrais e periféricas, que eram todas de piso de terra; construiu o Parque Municipal e o antigo Mercado da rua Joaquim Costa. Já na segunda gestão, partiu para obras maiores, como a Avenida Sanitária (que mudou completamente o aspecto urbanístico da cidade), a Rodoviária, o Centro Cultural, o Anel Rodoviário Sul e o Ceanorte. E suas obras não eram de isopor, pois estão aí até hoje, firmes e compactas. Toninho era diferente da maioria dos homens. Apesar de rico, não gostava de ostentação. Sempre foi um homem simples e de uma humildade franciscana. Como homem público, tinha um respeito exemplar pelo dinheiro do contribuinte. Sabia aproveitar bem cada tostão e tinha a consciência e as mãos limpas. Foi prefeito durante dez anos e saiu da vida pública com o conceito imaculado, como exemplo de retidão e honestidade. Muito diferente dos políticos brasileiros, a maioria manchada pelo estigma da corrupção e do desrespeito aos recursos públicos. Em maio deste ano, em uma de nossas conversas, perguntei-lhe se ele não gostaria de ser prefeito novamente de Montes Claros. E ele me respondeu: ´eu sou um homem ultrapassado para a política de hoje. Eu não sei fazer nada do que estes políticos fazem. Esta política não serve para mim´. Ele tinha razão. Afinal, o seu modo de administrar era mesmo diferente. Ele foi um prefeito que sempre doou o seu salário para entidades beneficentes, que sempre andou no seu próprio carro, que nunca aceitou presentes de empreiteiras, que fazia questão que seus filhos não pisassem na prefeitura para não dar o que falar. Ele era um homem íntegro e que não abria mão dessa integridade. Era um homem acima qualquer suspeita. Ele vai fazer falta, não como administrador, pois não voltaria mais à prefeitura. Montes Claros cresceu e sua população hoje, cosmopolita, prefere os populistas e os demagogos. Ele vai fazer falta aos muitos amigos que deixa, aos homens honrados que sabem o quanto vale a honra, aos idealistas que sonham com as grandes causas. Ele vai fazer falta, sim, aos que acreditam que ainda é possível a honestidade na vida pública mesmo que isto possa parecer um sonho. Mas Toninho Rebello cumpriu sua missão. Pnncipalmente com sua terra que ele tanto amou e na qual deixou marcas indeléveis. Ele se foi, mas seu nome ficará gravado permanentemente na história de Montes Claros. E também na minha memória, enquanto for vivo, pois com ele aprendi muitas virtudes que poucos homens são capazes de transmitir. (Publicado no Jornal de Notícias, em 11 de novembro de 1992, no dia seguinte da morte de Toninho Rebello) (Último capítulo do livro ´Toninho Rebello, o Homem e o Político´, de Ivana Rebello e Jorge Silveira, lançado em Montes Claros na noite de 25 de fevereiro)
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