Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.
Clique aqui para exibir os comentários
Os dados aqui preenchidos serão exibidos. Todos os campos são obrigatórios
Mensagem: Pelo começo de junho Jornal Hoje em Dia Maio passou sem que se lembrasse o “plenilúnio de maio nas montanhas de Minas”, do soneto de Augusto de Lima. O último dia apareceu, quando o sol acendeu suas luminárias, alumiando Belo Horizonte como em bela manhã de primavera. Mas, ainda somos outono, e muito ainda pode acontecer de belo e amável. Os cidadãos de bem deste país tanto o merecem. Os cinco primeiros meses de 2015 não foram de encantamento e felicidade, para coroar o labor da gente mineira. Parece que, apesar dos esforços para robustecer o carinho pelo nosso passado, muito já perdemos; tanto que pode até afugentar o sonho futuro. Em 30 de agosto, quatro anos atrás, Roberto Elísio, meu sucessor na Assessoria de Comunicação do governo do Estado, bom companheiro e boêmio como todos os demais filhos de Santa Luzia, observava que minha cidade natal, “Montes Claros, é sui-generis: consegue manter a sua pureza de alma e de sentimento, apesar da onda de violência que tomou conta dos novos tempos e das velhas cidades, contra a qual, dolorosamente, nem ela, nem minha doce Santa Luzia foram vacinadas” Neste clima, nesta estação e nestas circunstâncias, muito pouco normalmente se esperaria do período inicial do ano. As tentativas governamentais de fazer em pressa reformas políticas confiáveis aos destinos nacionais e o rebuliço causado pelos escândalos frutos da corrupção, não possibilitam evocar- como devido- os doces tempos que ficaram para trás e tanto nos orgulham. Os sucessos musicais de hoje, por sinal, perderam em melodia (sequer a têm) e não seduzem por seus versos, antes pelo contrário. A música é fruto da vida em sociedade e, assim, a do presente reflete um tempo de violência e de desdém ao amor, não como antigamente cultivado. O resgate, se possível, será longo, penoso e, talvez, improvável. Saudade? Talvez, e muito justificável. No decurso dos dias, percebemos que perdemos a confiança no outro, e nos outros, sobretudo nos que merecem aplausos e votos. O resultado é ruim, pois aprendemos a suspeitar, obrigando aliás melhor orientação nas escolhas. As épocas mudaram, mas o ser humano, em sua essência, não. Tem as mesmas necessidades dos ancestrais, os mesmos ideais avoengos, sentimentos semelhantes. Há os que amam e os que não amam, os que defendem as boas causas e os que não se nutrem da boa seiva. Viver o dia a dia conscientemente é desejável e, quando se acompanha o balanço de um período eloquente em erros, desvios e atentados contra o bem comum e a causa pública, meditamos como a nação teria progredido se houvesse menos voracidade sobre o patrimônio da comunidade. Junho chegou e nos remete indesviavelmente às populares festas de época, voltando a lembrança a brasileiros esquecidos em rincões distantes, cuja presença na história é valiosa e reclama das autoridades maior interesse e mais zelo da classe política. Em Paris, em pleno inverno, a belo-horizontina escritora, Maria José de Queiroz, laborou um poema em homenagem a Drummond, com relembrança do torrão natal: “Mas no fim de cada estrada/Minas me espera, de alcateia./ Na esquina de mim mesma/entre calle e street strass e boulevard./ no agudo da incerteza, da angústia,/ do desassossego,/Minas me diz: presente”.
Trocar letrasDigite as letras que aparecem na imagem acima