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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 20 de novembro de 2024
 

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Mensagem: ESTRANHA NO NINHO Minh’alma está encolhida dentro do peito. Doída. Solitária. Saudosa. Seu sacrário vive sendo violado. Mas, como tão bem disse Miguel Falabella, “As tempestades da alma, tão comuns na meia-idade, na verdade, são vislumbres do futuro e a bonança, que se segue a elas, sopra o vento das saudades sazonais, que chegam inexoráveis, instalam-se sem aviso prévio, tomam conta de tudo e não têm data marcada para a partida”. Sabemos que o amor move o mundo, mas, como há muito venho dizendo em meus livros, o ser humano cada vez mais se patologiza. Vai perdendo as características de humano e se robotizando. Os relacionamentos viraram jogos de interesse. Como se pode observar em qualquer patologia, no fundo, o ser humano sofre, mas se acostuma com esse sofrimento, se anestesia, e tem muito mais medo de amar, de se entregar, de arriscar. Prefere criar uma couraça que o proteja de qualquer sentimento. Homens e mulheres acham muito melhor ir para a cama hoje com um, amanhã com outro, “ficar” sem nenhum compromisso, simplesmente (e eles nem sabem disso...) porque em qualquer relacionamento o indivíduo tem, necessariamente, que crescer e crescer dói. O crescimento exige um autoconhecimento, mudanças (uma lei do universo...), andar por caminhos desconhecidos, abrir a alma para o outro e deixar desabrochar a luz que vive em todos nós. Este não é um processo fácil. É doloroso e requer força de vontade e disciplina. Então, as pessoas se perguntam: para quê? E preferem continuar com seus comportamentos rotineiros na ilusão do prazer, da caça ao poder e ao dinheiro. Mas, muito mais rápido que possamos imaginar – só o Tempo nos ensina isto – chega o momento de maior solidão, de estar frente a frente com a nossa verdade: a morte. Sabemos que, como diz Rubem Alves, diante da morte só existem duas possibilidades: ou a vida continua em outra dimensão ou acabamos, viramos o pó do qual viemos. De qualquer forma, um dia, que chega numa velocidade incrível, tudo que é terreno acaba. Acredito que, nos tempos em que estamos vivendo, embora os templos vivam repletos, a segunda hipótese é a que mais conquista o ser humano, pois se diferente fora teríamos um mundo muito melhor, sem ninguém usar o outro, desrespeitar seu semelhante, passar por cima de seus sentimentos. Não sei como alguém que vive sem ética alguma pode exigir ética do governo ou dos sacerdotes de sua religião. Por isso minh’alma está triste, encolhida no peito. Porque para mim não dá para viver num mundo assim. Eu acredito em Deus e em suas leis. Obedeço-as, não por temor, mas porque me afino com elas. Eu sou apenas Amor. Amo meu semelhante e a natureza, com sua fauna e sua flora. Vejo em todo o universo os sinais do Criador. Acredito no respeito, na liberdade, na justiça. Sou romântica e sensível. Aí, pois, me percebo como uma estranha fora do ninho, um ser fora de moda, anacrônico. Mas, tenho algo que me permite ainda continuar crendo e ter esperança: faço parte de várias organizações espiritualistas, onde nos tratamos, realmente, como irmãos e vamos espalhando, aqui e ali, silenciosamente, as sementes do Bem, da Paz, da Luz, do Amor. Se não fosse a convivência com esses irmãos, eu já teria soçobrado. Ser sensível, hoje, inclusive chorar, virou doença. Se o indivíduo é assim, tocam “antidepressivos” nele. Sou especialista em Psicologia na área de Saúde e fiz a minha monografia e estágio em neuropsicopatologia. Fui a primeira pessoa no país a escrever sobre depressão para o público leigo e assisto, horrorizada, médicos me receitarem Haldol, quando tenho uma embolia pulmonar ou um AVC. Decerto porque alguém sensível como eu, poeta, deve ser considerada louca por eles e por tantos. Nunca, porém, haverei de me esquecer das palavras de um dos maiores cientistas de nossa época, reconhecido internacionalmente psicólogo e antropólogo, reitor da Universidade da Paz, meu irmão e amigo, hoje vivendo na França: “Bendita loucura que a leva a um processo iniciático, tornando-a luz!”. Meu coração chora não propriamente por mim, mas por todos os irmãos que vivem na ilusão, esperando que a felicidade venha de fora, procurando-a num amanhã que nunca chega, sem entender que a viagem deve ser feita para dentro, que ela lá está irmanada com a paz e a luz. Sou filha do Universo! Não deste mundo cheio de desamor. Vim das estrelas e para lá haverei de retornar em breve. Este é o meu consolo, o meu conforto quando a minh’alma chora. Tudo é passageiro, inclusive a minha estada neste plano. Namastê! Maria Luiza Silveira Teles Presidente da Academia Montes-clarense de Letras

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