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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 19 de novembro de 2024
 

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Mensagem: As malas e os males Manoel Hygino Objeto de crítica dos apaixonados pelas velhas formas de poesia, os modernistas ganharam principalmente espaço e prestígio a partir de 1922, quando da Semana de Arte, em São Paulo. Drummond, em seu laboratório literário, não escapou à exacerbada sanha de veementes adeptos dos antigos. Havia muitas pedras no meio do caminho do poeta de Itabira, mas foram ultrapassadas. Sua criação se tornou popular e celebrada, tanto que Flávio Perri, ex-embaixador do Brasil que serviu ao Itamaraty em Genebra e Nova York – ONU, em Paris e Roma, escolheu para título de seu livro de estreia “Nel Mezzo del Camim”, há mais de quinze anos. Drummond encontrou uma pedra no meio do caminho. Há mais de um século, também, quando vinha da Mumbuca para Montes Claros, conduzindo um carro de bois e, ao passar pela Vargem do Barreiro, a légua e meia da cidade, o carreiro Rozendo tropeçou em um objeto de peso enorme. Apanhou a pedra esquisita e, levando-a na cidade até a casa de Augusto Dias de Abreu, que entendia da coisa, verificou tratar-se de uma pepita de ouro, pesando 728 gramas e meia. A pedra foi vendida a Sérgio Guedes, por intermédio de Neco Lopes, por 400$000 e daí pra frente nada mais se soube dos referidos personagens, sequer do destino da pepita. Há gente com e sem sorte nos caminhos da vida e nos muitos andares da sociedade. Os ventos de setembro viravam redemoinhos, suscitando na memória a lenda do diabinho, o operador do fenômeno descrito por Guimarães Rosa, lembrado por Paulo Narciso: “Redemoinho; o senhor sabe – a briga de Ventos. Quando um esbarra com o outro, e se enrolam, o doido espetáculo. A poeira subia, a dar que dava escuro, no alto, o ponto às voltas, folharada, e ramaredo quebrado, o estalar de pios assovios, se torcendo turvo, esgarabulhando... (redemunho era d’ele- diabo). O demônio se vertia ali, outro viajava. Estive dando risadas. O demo!”. Decorreu o tempo, incessante e inexorável. A Polícia Federal - aplaudida no desfile de 7 de Setembro, em Brasília – já filmara um homem de confiança do presidente transportando à mão uma assás competente mala carregada de dinheiro, que alcançaria a expressiva quantia de R$ 500 mil. A Federal prejudicou a sorte alheia, em pleno cotidiano paulistano. Em outro estado e capital, dias depois, a referida PF, que parece não ter outros afazeres, identificou em um apartamento, em Salvador, em área nobre, o bunker em que se escondiam várias malas e caixas cheias de cédulas nacionais e estrangeiras. Que trabalho para as máquinas especializadas em contar dinheiro! Mais de R$ 50 milhões e dólares formavam o Tesouro Perdido, não mais disfarçado em ouro para incomodar carroceiros de sertões inóspitos. No tempo presente, não se perde tempo e oportunidade em carregar o minério, precioso e bruto, para avaliação de ourives. A tramoia, aparentemente generalizada, circula em cédulas ou em diversidade de contas do sistema financeiro. Quanto às explicações de possíveis suspeitos ou culpáveis, são sempre as mesmas e os apresentadores de televisão já as sabem de cor. São todos inocentes, embora – só no caso da Petrobras – o prejuízo aos cofres públicos seja da ordem de R$ 29 bilhões. Quem o diz é o Tribunal de Contas da União.

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