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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: INFLUENZA Os antigos dizem que os dois tipos de homens prestantes, que Pedra Azul melhor sabe fazer, são o matador de gente e o amansador de burro. Ao amanhecer, nas fazendas daquelas terras, a garotada sai pros pastos atrás de um animal, que a servirá o dia inteiro, no curral, no aparto e na solta do gado, na ida pra escola, no retorno e nas estripulias do resto do dia. À noite, as mães têm de ralhar para apartar os meninos da tropa. O apego é demais. A afeição, desde a infância, pelas montarias, forja apelidos pelo resto da vida: Pedro da Jega, Mané Minha Égua, Tamburete de Piquira, Funga Cio, Zé Tiché. Na chacota, os mais idosos arreliam a meninada dizendo que a namorada deles é a Maria Rincha. Brincadeira que tem um fundo de verdade. Tem muito moleque que nervoso escancara o ciúme pela sua eguinha. Não deixa nem o melhor amigo passear com sua bichinha. A garotada cresce subindo nos cupins da fazenda, conhecendo-os pelo aprumo ideal para o alcance da namorada e pelo resguardo para não ser flagrado. Quando um menino desaparece com a sua montaria, os homens velhos e novos já sabem o destino. Pedro da Jega, por exemplo, ganhou o afetuoso apelido porque o fazendeiro o mandou pegar uma jumenta no brejo e, por estar demorando demais, foi atrás pra conferir. Chegando lá, avistou Pedro em cima de um cupinzinho, abraçado no traseiro da jerica. Foi quando, gaiato, gritou: - Pedro! Pedro! Empurrando ela não vem não! Se você não puxar pelo cabestro a jega vai ficar aí empacada a manhã inteira. Na fazenda dos Antunes havia uma ninhada de meninos excitada com uma tropa nova, recém-chegada, sortida de potras e éguas mansinhas de passar por baixo. A meninada arteira era de idade variada. Os mais novos apreendiam com os mais velhos a montar, cavalgar e arrear os animais, bem como domar as éguas e até ferrá-las e ferroá-las. Tiziu, azarado, um dos menores garotos, gripou nas férias e a mãe não o deixava brincar com os outros, queria que ele ficasse deitado tomando chazinho de capim cidreira com gengibre. Nada de sol quente e travessuras. O coitado estava pra morrer de tristeza, preso ali no quarto, só vendo pela janela, os amigos naquela arrelia e satisfação. Ao perceber que seus companheiros agruparam a eguada e a tocaram para a baixa perto do rio, onde estavam os cupins mais apropriados, não aguentou, pulou da cama decidido. Ao passar esbaforido pela sala, sua mãe ralhou: - Perái, Tiziu! Onde cê pensa que vai? - Ô Mãe, eu só vô ali, rapidim, comê as éguas com os meninos e já volto! - Que isto, moleque, cê tá doido? Que história é essa? - Mas Mãe, é na sombra! Debaixo das mangueiras.

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