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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Depois de Temer Manoel Hygino Daqui a dois meses, quando janeiro chegar, teremos um novo presidente da República, transpostos acidentes de percurso de múltipla natureza. Hora, portanto, própria para releitura de “Pinguela, a maldição do vice”, livro de Aylê-Salassiê F. Quintão, mineiro da Zona da Mata, que Ayda Galassi teve a gentileza de enviar-me. O autor, jornalista e professor, doutor em História Cultural, autor antes de dez livros, adverte – já na apresentação- que o vice na História “herdou a administração na máquina do Estado desarrumada, e economia em recessão, o desemprego generalizado, o país em estado conflituoso e a população sem ter no que acreditar”. Cabia apenas indagar se o vice Michel Temer era um ator no ambiente ou uma vítima da História. Hélio Marcos Prates Doyle, em prefácio, observa: “Os vice- presidentes têm causado mais instabilidade do que estabilidade institucional”, como argumenta Aylê, ao reunir recentemente em volume cem artigos para a imprensa, que percorrem justamente o caminho do descaso com os problemas públicos setoriais na agricultura, na saúde, na educação, nos transportes, nas terras indígenas”. Quando começou o período Temer, o jornalista/escritor perguntou-se: “Temer era incógnita, ou seria um problema?”. Primeiramente se teria de considerar que os vices aqui eram representantes regionais ou classistas, sem contribuir para a estabilidade do governo, levando apoio político ao presidente. Mas no caso específico sem vínculo ou compromisso com Dilma, com seu projeto, se houvesse! Após o impedimento, o sucessor, isto é, Temer seguia por um caminho “artificioso, estreito e repleto de armadilhas, uma pinguela mesmo”. Assim foi, assim tem sido, assim será, até que 2018 termine. Falta pouco. De todo modo, o ciclo complementar está terminando e pode ser momento de ventura para quem deixa o governo e para o brasileiro. Ambos deverão raciocinar, a esta altura, voltando ao passado: “O país vivia um momento de realismo fantástico provocado por uma profunda desorganização institucional, pelo fechamento de empresas, pelo desemprego de 12 a 14 milhões de pessoas e pela corrupção endêmica”. Verdadeiramente, o cidadão não tinha certeza do que lhe estava reservado. O presidente era um homem eminentemente de Parlamento, não tinha- pelo que se supunha e se propalava- experiência em administração pública. Os cargos nos altos escalões foram leiloados em troca de votos, o que não constituía algo de novo, mas que inquietava, se se considerasse o período pós- mensalão. De qualquer maneira, a transição está terminada. O que se espera é resumido no trecho com que o mineiro redigiu seu livro: “São questões estruturais que se agregam às permanências. Embora se avance na história, como acreditado e prega o ministro Luís R. Barroso(2017), o porvir continua incerto, “líquido”, disse Zygmunt Baunnann (2010). A dinâmica dos sistemas caminha tão rápida que parece não haver tempo para pensar em outro futuro e, com certeza, em outra pinguela. Eu e meu guru terminamos a caminhada por aqui. Deixamos o restante dessa história para ser contada por quem sobreviver”.

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