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Mensagem: O drama indígena Manoel Hygino O novo governo da República prometeu e o presidente Bolsonaro anuncia mudanças no trato com os problemas dos índios no Brasil. Há muito a fazer com os antigos donos de terra no grande território, parte do qual percorrido por Pedro Rogério Moreira, ex-correspondente da Globo na Amazônia, nosso confrade na Academia Mineira de Letras. Ali ele viveu problemas e peripécias a bordo do barco Carvajal, de propriedade do romancista Mário Palmério, registrando-os em reportagens inesquecíveis e em seu “Diário da Falsa Cruz de Carvajal”, edição da Thesaurus, de Brasília. Foram três anos de aventuras, que podiam tê-lo removido da estatística dos vivos. Aprendeu sobre a imensa região e seus habitantes e tribos, além de pedaços perigosos do Brasil que os brasileiros ainda não conhecem. São muitos milhões deles com os quais o poder público na gestão federal que ora começa conviverá para melhorar-lhes os padrões de vida e escapar à ação dos exploradores, que chegam de todos os lados. Fazem-se relatos semelhantes aos colhidos por Marco Marques, editor do jornal “O Nheçuano”, lá nas Missões, em Roque Gonçalves, margens do rio Uruguai na fronteira, pois, com a Argentina. Do lado brasileiro estão os remanescentes da aldeia guarani do Ocoy, em São Miguel do Iguaçu, sob liderança do professor Antônio Cabrera Tupã. Marques conta: ´In loco, constatamos que lá vivem em torno de 170 famílias, ou 700 pessoas, a maioria crianças. Até meados dos anos 1970, viviam em uma grande área nativa, com caça e pesca abundantes, Devido à construção da Hidrelétrica de Itaipu, eles foram escorraçados de sua terra. A grande maioria da comunidade foi expulsa, ‘deportada’ para o Paraguai ou se dispersou. Os que ficaram foram confinados em um pedaço de terra com menos de 80 hectares sem mata, e hoje cercados por lavouras, ‘transferidas’ para colonos gaúchos. As condições de higiene da aldeia são degradantes, onde animais como porcos e galinhas convivem muito próximos dos indígenas, interagindo com as crianças. Quase todas as moradias são choças feitas de papelão, lona, capim e pedaços de tábuas, sem saneamento, energia elétrica ou água potável. O mais grave: nas lavouras ao lado são borrifados agrotóxicos que provocam doenças graves, anomalias em bebês recém-nascidos, além da contaminação da água do rio que margeia e sustenta a aldeia. Um duplo crime é perpetuado, sem punição, contra a vida dos Guaranis e contra o meio ambiente. Na época da visita, as lideranças relataram graves problemas que a comunidade Guarani enfrenta: indefinição da questão territorial; cestas básicas insuficientes, desviadas por funcionários corruptos da Funai; morte de crianças por subnutrição; prostituição e alcoolismo e casos de suicídios também foram informados. Os incontáveis pedidos de averiguação feitos às autoridades se perderam na burocracia, emissão de laudos falsos e nunca investigados pelas autoridades. Passados mais de seis anos daquelas denúncias, nada mudou; pelo contrário, a situação só piorou. Com a promessa de realocação da aldeia para território mais amplo, antigos membros da comunidade retornaram, aumentando assim a população, a miséria e a fome. Cabe, mais uma vez questionar o Ministério Público Federal e autoridades: até quando os direitos constitucionais e consuetudinários do povo Guarani serão desrespeitados?”.
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