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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Battisti, enfim, longe Manoel Hygino Viu-se pela televisão e pelas fotos nos jornais que Cesare Battisti saiu arrogante do avião que o levara da Bolívia para a Itália. O ministro do Interior, em Roma, fez agradecimento ao governo brasileiro por permitir a devolução do criminoso diretamente para o país europeu. Afinal, a sua pátria e que o condenara à prisão perpétua. Matteo Salvini foi cortês e claro: “reitero a enorme gratidão em nome dos 60 milhões de italianos por ter possibilitado concluir o caso Battisti, integrante do antigo grupo terrorista Proletários Armados pelo Comunismo, após condenado por quatro assassinatos cometidos entre 1977 e 1979”. Ninguém praticamente queria saber mais de Battisti na Itália. Nicola Zingaretti, candidata à presidência, do Partido Democrata, de centro-esquerda, pediu que ele fosse tratado com a mesma dureza que os militantes fascistas, que têm agido naquele país nos últimos tempos. Pelo rosto do criminoso, não se pôde adivinhar se ele sorria ou debochava dos dez policiais, que o acompanhavam ao descer da aeronave. Curioso é que saiu em defesa dele a ex-companheira brasileira, Priscila, que disse esperar a revisão da pena. Ela mora em São José do Rio Preto, com um filho do casal, de 5 anos. Confessa ter medo do que sofreria ou sofrerá Battisti na cadeia, por ter alguma idade e, problemas de saúde, como hepatite, e precisa medicar-se. Supõe-se que não passará necessidades. Ele tem um irmão na Itália, além de duas filhas e um neto na França. Além de uma rede de advogados e colaboradores espalhados pela Europa. Quem os paga? Efetivamente quem deve agradecer é o Brasil, que deixará de abrigar um criminoso e de pagar altas despesas com sua proteção. Sua história por cá não está definitivamente contada. Lembro, aliás, o acontecido cinco/seis anos atrás, aqui mesmo descrito: condenado à prisão perpétua na Itália por matar a sangue-frio quatro inocentes na década de 1970 e mantido como refugiado no Brasil pelo então presidente da República. O terrorista Cesare Battisti fez uma palestra, cujo título até parecia piada pronta: o tema “Quem tem direito de viver”, em um fórum na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. O evento fora organizado com recursos do Ministério da Educação, segundo consta. A notícia deste jornal esclarecia mais: a UFSC teria usado dinheiro público para passagem (R$ 1,5 mil) para vir ao Brasil, além das demais despesas da “vida do exilado”. Organizador da palestra de Battisti, o professor Paulo Lopes disse que a ideia era ouvir fugitivos, encarcerados, os demônios da sociedade. Uma bela e justa iniciativa, sobretudo quando se tratar de gente de bem e a serviço das melhores causas e da sociedade. Lembro, a propósito, Rubem Alves, ao afirmar que, desde o século XIX, as sociedades humanas viram o florescimento de religiões políticas, como liberalismo, comunismo, capitalismo, nacionalismo e nazismo. A incapacidade de perceber que entre o bem e o mal existe uma larga escala de valores é o pior flagelo de qualquer radicalismo. Completaria com o pensamento de Fernando Guedes de Mello: qualquer tipo de fundamentalismo, seja religioso, ideológico, científico ou amoroso, é filho da ignorância.

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