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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A tragédia que não passou - Manoel Hygino O Brasil passou o último fim de semana, também o último do primeiro mês de 2019, estarrecido – com olhos na televisão e ouvidos atentos aos rádios - assistindo às cenas dramáticas de resgate de corpos, com ou sem vida, vítimas do rompimento da Barragem 1 da Mina do Feijão, em Brumadinho. O mundo, pelos modernos e eficientes meios de comunicação, viu as reportagens e trechos da missão de que se incumbiam dezenas de bravos bombeiros de Minas, e de outros estados, bem como de organismos públicos, militares e civis, na luta contra o tempo e as condições adversas de vária natureza. O rompimento se dera em torno de meio-dia e meia, na sexta-feira, dia 25, exatamente quando centenas de empregados da Companhia Vale do Rio Doce, responsável pela mina e sua operação, almoçavam no refeitório, a jusante da barragem. Aquela unidade da mineradora logo deixou de existir, destruída pela lama, que fez desaparecer os trabalhadores sob a avalanche de rejeitos. Desde então, sucediam informações, naturalmente desencontradas, e as providências cabíveis em momentos de desespero. A sucessão de imagens captadas, das fotos da imprensa escrita, ou de sua descrição, é de estarrecimento, porque talvez, em lugar algum no hemisfério Sul da América, se terá assistido a espetáculo tão dantesco. E o adjetivo é frágil para relatar a tragédia e a dor que a catástrofe despertou e despertará até gerações futuras. Não se negará que todas as medidas imediatas e cabíveis para enfrentar aquele caos foram tomadas. Bombeiros procuravam encontrar no rejeito pessoas que, mesmo mutiladas, fossem resgatáveis e pudessem ser levadas aos helicópteros, que por ali cruzavam os céus nas horas de angústia. As declarações do presidente da Vale foram de impressionante serenidade, porque não se admitiria frieza em face de evento tão trágico. A nota oficial da mineradora, na segunda-feira seguinte, dava conta de que agia com prioridade máxima e manter o apoio para ajudar a preservar e proteger a vida dos empregados, próprios e terceirizados, e moradores das comunidades locais: “Estamos empenhando todos os nossos esforços para prestar assistência às famílias”, inclusive se criando um comitê humanitário. Em meio a tudo, chamou a atenção a informação de que, em dezembro, em reunião da Câmara de Atividades Minerárias, se aprovara por 8 votos a 1, a reativação da mina, paralisada desde 2015, e que causou a super-tragédia. Houve um voto de alerta sobre os riscos que a retomada das atividades poderia causar. A resposta está aí, mas ainda seguirá por muitos e muitos anos, porque esta é uma tragédia que superará décadas, até centênios. O temor era de que a onda de rejeito chegasse à hidrelétrica de Três Marias, no São Francisco, provocando mais danos a toda a região de dezessete municípios e impactar 820 mil pessoas. Cidades ao longo do percurso da lama emitiram alertas sobre os riscos de serem atingidas. Entre Três Marias e o local da tragédia, há uma segunda usina – de Retiro Baixo – está nos municípios de Pompéu e Curvelo, cujas duas turbinas foram paralisadas. Mas tudo isto são apenas pormenores de uma tragédia terrível, num ano que apenas começa.

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