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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Moro na berlinda Manoel Hygino Interesses múltiplos interferem pesadamente no andamento de projetos em tramitação no Congresso Nacional e, consequentemente, repercutirão na vida do país: se não bastassem as idas e vindas de providências anunciadas ou decretadas pelo Executivo na gestão iniciada em janeiro. E o sexto mês logo terá início, pondo em dúvida o ilustre eleitorado: É para valer? Ou não? No dia 22 de maio, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou a transferência do COAF do Ministério da Justiça e Segurança Pública para o Ministério da Economia. A gestão passa de uma para outra importante área do governo. Ou seja, de Sérgio Moro para Paulo Guedes, nomes de grande evidência no cenário da administração, por motivos sabidos. De um modo geral, a transferência aprovada pela Câmara dos deputados mereceu mais de uma interpretação: derrota para o governo Bolsonaro, representando dupla vicissitude: para Moro, que nutria esperança de mencionado Conselho permanecer em sua pasta e, para o colégio eleitoral do país, que confiava mantê-la no ministro/ex-juiz, uma espécie de guardião contra falcatruas e corrupção. Verdade que a ida do Conselho de Controle de Atividades Financeiras ainda teria de passar pelo crivo do Senado Federal, mas as mesmas razões que totalizaram 228 votos da Câmara prevaleceram entre os senadores. Isso equivaleu a uma segunda derrota do Executivo e nova decepção e desesperança para aqueles que adivinham o que estaria por detrás dos números. Até agora, porém, a maioria do povo não percebeu o sentido da manobra de alguns de nossos representantes no Congresso. Caso soubesse, talvez programasse passeatas contra a corrupção e a armação urdida para mudança do COAF. O momento é muito mais crítico do que parece, deles se ressentindo os brasileiros de modo geral, mais perdidos do que cegos em tiroteio. Como escapar, eis a questão. Chama a atenção a posição a que foi lançado Sérgio Moro, juiz-símbolo da Lava-Jato, num “sistema centenário lubrificado a dinheiro público e relações de compadrio”, na expressão correta de Antônio Machado. Moro se transformou? A articulista Cora Rónai, no último dia 15, em O Globo, registrou: “Dizem que o brasileiro precisa ser estudado. Quando isso acontecer, sugiro começar por Sérgio Moro, que encarnou todas as promessas de um novo tempo mas preferiu trocar a sua independência e o seu bom nome por um carguinho em Brasília. Seria uma história como tantas outras se não tivesse elementos políticos explosivos, não se misturasse com o destino do país e não comprovasse, mais uma vez, que não existem salvadores da Pátria. No final do ano passado, quando aceitou o Ministério da Justiça, Moro era maior do que Bolsonaro. Moro era um herói, Bolsonaro era apenas o candidato eleito na falta de um nome pior. Para parte da população que estava apreensiva com o novo governo, Moro era o avalista moral da nova administração, a garantia de continuidade da Lava Jato e de respeito à Constituição. Agora, nem seis meses passados, ele encolheu como uma camisa que nunca deveria ter sido lavada na máquina. “Como são maravilhosas as pessoas que não conhecemos muito bem”, dizia o Millôr. Conhecíamos o Juiz Moro o que bastava: o seu trabalho, a sua coragem, as suas sentenças, as suas camisas pretas cafonas, a inicial aversão a entrevistas. Raramente tivemos, no Brasil, um juiz que, como ele, peitasse os grandes e os mandasse para a cadeia. O Juiz Moro virou símbolo do que queríamos para o país: um homem ainda jovem, discreto, que não devia satisfações a ninguém, dedicado ao trabalho e a construir um Brasil melhor.” Concluiu Cora: “Errei na mosca”.

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