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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Equador sem paz Manoel Hygino Embora menos frequente na imprensa do que os demais países latino-americanos, o Equador não escapa aos sobressaltos, às insânias e inquietação do novo mundo descoberto por Colombo. A história equatoriana é marcada por sucessivos governos, em que pontificaram a baixa política, a corrupção, os golpes militares. Não se esquecerá, assim, a afirmativa de José Maria Velasco Ibarra, presidente da República cinco vezes, a primeira vez em 1934: “quero deixar explícita minha total falta de ambição pelo poder”. Na semana inaugural deste ano de 2019, aconteceu o que antes fora registrado, algumas vezes. Trabalhadores do setor de transportes declararam greve, em protesto contra o aumento de 123% nos preços dos combustíveis. Lá como cá, os derivados de petróleo fazem a paz ou a guerra. O reajuste resultou do corte de subsídios do governo para manter uma aparente tranquilidade social. Com a supressão dos subsídios, violentos confrontos eclodiram em todo o país e a capital se transformou em campo de batalha, obrigando o presidente Lenin Moreno a decretar estado de exceção. No primeiro dia da paralisação houve 35 feridos, entre os quais policiais, além de 277 prisões, enquanto se suspendiam a aulas nas escolas. Nada menos de 27 milhões de pessoas ficaram sem transporte coletivo e táxi, enquanto o movimento se estendia além de Quito a outras cidades como Guayaquil e Cuenca. Na crônica política do Equador, não se há de esquecer Abdalá Bucarán, sobrinho do ex-presidente do Congresso, de nome Assad. Eleito em 1946 (é, pois, bem deste nosso tempo), Abdalá foi afastado do poder em 6 de fevereiro de 1947 e por um motivo assás compreensível. O Parlamento aprovou moção declarando sua “incapacidade mental”. Carlos Taquari acrescenta que outros aspectos altamente negativos eram lembrados: corrupção e comportamento inadequado para chefiar um Estado. Queria dizer o já de conhecimento público: o presidente, dentre outros fatos notórios, realizava festas em palácio, se embriagava e se divertia em companhia de mulheres de conduta duvidosa, contratadas por sua assessoria. Foi, pelo que se deduz, um chefe de governo fora do comum mesmo na América: depois de goles caprichados, punha-se a cantar e tocar guitarra. Por seus dotes, aliás, chegou a gravar um disco com baladas românticas e rock, alcançando o máximo de exposição com apresentação em programas de auditório pela televisão. Quando alguém se referia a ele como um doido, confirmava observando: “un loco que ama”. É bom resgatar: nos dias 6 e 7 de fevereiro de 1997, o Equador teve três presidentes: Bucarán, que foi afastado e se recusava a deixar o palácio, a vice-presidente Rosalía Arteaga, que desejava o cargo por direito constitucional, e Fabián Alarcón, presidente do Congresso, que por força constitucional tinha de assumir. E assumiu pro tempore. Mais fatos e pormenores virão depois, todos confirmando a ideia que se tem de cidadãos que chegaram ao comando do Executivo de seus países, repetidamente com aval dos cidadãos. O futuro, deste modo, preocupa.

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