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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 15 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A M. Claros recente anda descuidada com a memória dos seus filhos que fizeram história. Há pouco tempo, foi resenhado aqui como, numa tarde de fim de semana, fizeram ruir sob a fúria de máquinas sobra antiga de casarão (perto da Matriz) que guardava singela homenagem pelo primeiro centenário do jornalista Hermenegildo Chaves, imortalizado no Brasil por crônica do seu discípulo Rubem Braga. Há uma dezena de nossos expressivos nomes, mais por nós do que por eles, que aguardam, de alguma forma, que se preserve o seu exemplo para as florações que virão. Mas, não é este o propósito desta nota. Acabo de saber, e estou feliz em repassar, com urgência e pressa, que nesta noite o Brasil terá oportunidade de saber, um pouco mais, como foi o desempenho heróico de um dos nossos nos campos da Itália, na Segunda Guerra Mundial. (Por acaso, ainda nesta tarde, passei por sinuosa rua, também atrás da Matriz. Lá, na esquina acanhada mas absurdamente digna, li como faço sempre o nome da viela secundária - Rua Cabo Santana. Ao menos, falta dizer abaixo da placa que, naquele endereço, nasceu e viveu um herói brasileiro.) Pois bem. Hoje às 20h, o canal Sala de Guerra, um dos melhores do Brasil no seu gênero, promete live com o titulo: ´Cabo Geraldo Martins Santana - Herói da FEB´. Filho de família local, é irmão do emérito professor Pedro Santana, bem vivo na memória dos seus milhares de alunos, e do exemplar cidadão Raimundo Santana, bem vivo entre nós. Geraldo lutou - ao lado de outros 25 mil soldados brasileiros - para dobrar e capturar os alemães entrincheirados na famosa Linha Gótica, nos Apeninos, pouco antes dos Alpes. E que recentemente foi cenário da grossa epidemia. Estive lá. A épica carta de seu pai - e que ele nunca chegou a ler, pois tombou antes - é um dos documentos mais preciosos, uma relíquia da campanha da FEB, e deve ser mencionada hoje. As condições eram tão adversas que as tropas aliadas - já lutando em solo europeu - preferiram levar para a Normandia o Dia D do desembarque definitivo no continente retido pelo nazismo. Dia 6 de junho agora completaram-se os 76 anos do desembarque, a maior operação militar da história, e que teve sua epopeia na Praia de Omaha. Nesta praia, entre milhares, morreu em combate o coronel Roosevelt, filho do primeiro presidente dos EUA com este nome (e não do que, no momento, seguia com o Ocidente nos esforços de guerra). É também a praia do soldado Ryan, em cerca medida o equivalente norte-americano do nosso cabo Santana Escapa-me se, nesse dia D, o montes-clarense já estava morto, alcançado por fragmento de morteiro na testa, entre os olhos, aos 21 anos, deixando noiva aqui, sua terra. Seu corpo desceu ao cemitério brasileiro de Pistoia. Depois, foi transladado para o Monumento da FEB no Rio, ao lado dos demais caídos em combate. Espero ver o documentário desta noite, e corro. Mas, não posso deixar de acrescentar. Sempre que um de nós for ou voltar a Pisa, aquela famosa torre inclinada no Norte da Itália, peço que desvie o olhar para a magnifica catedral e o batistério do conjunto (em que a torre é o campanário). E relembrem: no auge dos combates, os brasileiros ocupavam o templo monumental, durante missa, e cantavam o Hino Nacional Brasileiro, quando a aviação alemã, em duas passagens, despejou duas cortinas de bombas, felizmente sem atingir o conjunto. A gravação ao vivo da BBC é testemunha - o canto dos brasileiros não se interrompeu, nem declinou, não claudicou em meio aos estrondos. É de arrepiar. Desconheço se o cabo Santana estava ali, ou se já havia tombado. Todos os que, de alguma forma, lutam pelas liberdades, em qualquer lugar ou momento, todos guardam um compromisso com este momento. Estávamos lá, todos, cantando entre bombas. Cabo Santana, nosso irmão, vive. (PS - Tenho o costume de visitar cemitérios históricos, pois neles é que melhor se desvenda a Vida. Em Washington DC, no Cemitério Nacional de Arlington, o maior cemitério militar do mundo, onde o presidente Kennedy está sepultado, li, bem na entrada, a homenagem ao Soldado Desconhecido: - Desconhecido dos homens. Conhecido de Deus)

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