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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 18 de maio de 2024
 

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Mensagem: O pesar das ruas Manoel Hygino Quando a multidão compactamente em clima de profunda emoção, aproximou-se da Casa Rosada, e das avenidas em torno, temi o pior. A massa não pode perder o controle. Por cerca de dez horas, Diego Armando Maradona foi homenageado pelos compatriotas, então e pela última vez, na sede do governo argentino. Explosões de aplausos e gritos, lágrimas até que, para evitar talvez o pior, a urna fúnebre dali saiu para receber novas homenagens ao longo do percurso até San Miguel, na periferia, para que o futebolista pudesse, enfim, gozar da paz a que os mortos têm direito. Lembrei os fatos de 24 de agosto de 1954, após o suicídio de Getúlio Vargas no Palácio do Catete. Foi um tumulto pelas ruas do Rio de Janeiro, capital da República. Fernando Morais conta que se ouviam-se palavras de ordem em passeatas de sindicalistas e estudantes, que pediam “morte a Lacerda e a Chataubriand”, enquanto carros de distribuição dos jornais de oposição eram apedrejados, virados de rodas para cima e incendiados pela turba. Os fatos se repetiam em todas as grandes capitais, em que as redações foram invadidas e destruídas pelos manifestantes, que chegaram a incendiar prédios. Em Buenos Aires, as explosões da população não chegaram a esse nível. Os jornais do Velho Capitão, como decidiria apelidar-se, publicaram textos de Chatô: “Getúlio trocou a vida pela morte. Assim agindo, pode não ter andado certo, no conceito deste ou daquele, mas foi heroico, foi civicamente altivo, foi esteticamente belo e moralmente generoso, pelo menos com os que o procuraram para dividir com ele o patrimônio de sangue que carregavam. Os inertes, os afônicos, os mudos, os surdos, os que não trouxeram nenhuma mensagem a este planeta, podem morrer na cama. Mas esta abjeção não aconteceria com Vargas...”. Em agosto como Vargas, Juscelino perdeu a vida, no dia 22 de 1976, na rodovia que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. Um desastre, sobre cujas causas ainda se levantam dúvidas. O corpo foi levado para a nova capital que ele inventara e Vera Brant, conterrânea de Nonô e sua amiga, relatou. “O seu corpo chegou à sua Brasília, todo coberto com a bandeira do Brasil. O aeroporto estava lotado. Os táxis carregavam as pessoas de graça, todos com um pano preto, significando luto”. A catedral estava inteiramente ocupada. Palmas quando o corpo chegou. Um homem escuro queria saber se Juscelino seria sepultado no cemitério comum. Quando recebeu a resposta afirmativa, sorriu e observou: “Que bom, agora a gente vai até querer morrer para ficar perto dele”. Às 6 horas, do Ângelus, ouviu-se um cântico fúnebre. Chorava-se e cantava-se, como acontecera pelas avenidas de sua Brasília, enquanto o carro as percorria.

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