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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 14 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Perspectivas 2021 Manoel Hygino Não compreendo ainda como possa existir otimismo com relação a 2021. Em primeiro lugar, temos de estar atentos à pandemia, que não somente não terminou como dá sinais de resistência aos multiplicados esforços de cientistas, médicos, técnicos em vários campos do conhecimento e dos governos. Em sã consciência, não se sabe sequer aproximadamente quando esta ceifadora de vidas e causadora de moléstias e mazelas encerrará sua fatídica ação. Até lá, são despesas e mais despesas, investimentos e mais investimentos no combate à doença, enquanto a população persistirá insatisfeita, revoltada e intolerante, aumentando as dificuldades para a sobrevivência. O governo já comunicou que haverá um déficit de até R$ 247 bilhões no resultado primário para o novo exercício, R$ 20 bilhões dos quais para imunizar a população, que não se sabe sequer quando terá início. Só o rombo do INSS em 2021 deve alcançar R$ 291 bilhões. O auxílio emergencial está fora das perspectivas da alta administração, por motivos sabidos e consabidos. Resta aguardar como os segmentos mais sofridos reagirão quando os efeitos mais perversos dessa providência chegarem aos atuais beneficiários, cujo número vem crescendo expressivamente. Ademais, a questão envolve disposições constitucionais. A Carta de 1988 consagrou direitos sociais, agora considerados essenciais, como: educação, saúde, trabalho, lazer e segurança, Previdência Social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desempregados. Além disso, emendas à Carta incluíram no artigo 6º, o direito à moradia, à alimentação e ao transporte. Como se haverá o governo a partir do ano que vem, quero dizer, da semana vindoura? O jurista Sacha Calmon diz entristecer-se com o silêncio da CNBB, a apatia das ruas, a conformidade triste do povo sofredor, nesta hora. A mim, porém, causa inquietação quando (e se) explodir a inconformidade que se vai mantendo em banho-maria por motivos diversos, inclusive o próprio temor de algum acontecimento de grande expressão que faça o bom-senso ir pelo espaço. É muito grave o que ora ocorre em nosso país, nem se culpará a imprensa pelos insucessos sucessivos em muitas iniciativas tornadas públicas. O pior cego é o que não quer ver, como ensinavam nossos avós – mais desconfiados do que as novas gerações. Há poucos dias, o ex-ministro Delfim Neto, na altura de seus 92 anos e com uma longa experiência no trato da coisa pública, observava que economistas não fazem milagres.

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